sexta-feira, 26 de junho de 2009

Requiescat In Pace!!!




Certa vez, há muito tempo, eu assisti a um filme em que se passou uma cena muito interessante.
Uma senhora era dona de uma grande propriedade, uma mulher refinada, de origem francesa, e que, tendo sua filha morta passou a cuidar da neta, praticamente desde que nasceu. Era a única família que ambas tinham.
Certo dia um de seus cães atacou a sua criação de galinhas, matando uma delas. A solução encontrada pela avó da menina para que o cão nunca mais fizesse aquilo, foi amarrar a galinha morta ao pescoço do animal, e ela só sairia de lá depois que sua carne, apodrecida, caísse por si só. A menininha ficou estarrecida com a frieza de sua avó.
Confesso que eu também fiquei apavorada em pensar que um cão tão lindo iria ficar com aquele cadáver pendurado em si, mesmo porque eu gosto muito de cães, e quem me conhece bem sabe que, na verdade, eu sou apaixonada por eles. Esses dias estive pensando a respeito disto. Esta cena não me sai da cabeça há pelo menos uma semana já.
De fato, foi cruel a atitude da senhora, porém, mais do que isto, foi sábia, apesar de dolorosa a via. Simplesmente porque o cachorro continuaria a matar galinhas se não sofresse a punição por seu ato instintivo, ele continuaria a fazer aquilo.
E me peguei pensando que a vida nos é aparentemente cruel da mesma forma. Quantas vezes fazemos algo e somos obrigados a conviver com o cadáver da lembrança do que fizemos?
E tantas outras, mais cruéis que as lembranças, são pessoas que não nos deixam fazer com que o passado fique para trás. Infelizmente, nesses casos, temos de dar o braço a torcer para a "velha" vida... E suportar o podre cadáver em nosso pescoço. Até o dia em que poderemos nos livrar dele. Só que somos humanos e podemos desamarrar a corda que ata tal morte de nós outros. E aprender a lição, antes que o cadáver fique putrefato. O passado não torna, é verdade.
Mas, as consequências daquilo que fazemos sempre vem. E, muitas vezes, mesmo quando o cadáver é retirado, o odor maléfico da cadaverina fica lá, incomodando... Resta-nos o banho!!!
Embora em nossos corações possamos fazer com que a ferida não doa mais, fica a cicatriz. Ainda que discreta, fica a cicatriz.
Talvez tenhamos de enfrentar tudo sozinhos, porém, se temos quem nos ajude a curar as feridas, é maravilhoso! No início dói. Porque o outro é que terá a coragem de jogar água com sal, quem vai esfregar, é quem trocará as ataduras... Quem, talvez, tenha de nos dar banho com suco de limão!
Este começo é doloroso, aparentemente cruel... Mas é necessário!!! Feridas pequeninas podem infeccionar e, em última instância, podem matar...
No caso, mata a alma... Mata os sentimentos, pode matar a felicidade, pode destruir sonhos e vidas inteiras. E o fim, qual será???
Por favor... Sepulte o cadáver que está em seu pescoço se você já aprendeu que não pode mais roubar as galinhas do quintal... E depois, vá tomar um banho purificante!!! Eu posso provar para você que dá certo... Querendo, é só conversar comigo que eu conto como se faz!!!
Se ainda não aprendeu, é hora de saber que tudo tem consequências reais. Mesmo que não se manifestem no mundo físico, são reais.
Tomara que disso tudo você faça um lindo Réquiem... A fim de que a posteridade tenha o prazer de reconhecer beleza em algo tão terrível quanto é a morte. E diga ao incômodo passado: Requiescat In Pace - Descanse em Paz!!!

Boa sexta para vocês, com o desejo de que reflitam bastante a respeito de suas vidas!!!
Beijos a todos!!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Gabrielle, parabéns pelo belo texto!

Ele me fez relembrar de uma frase de que gosto muito:
"Embora não possamos voltar atrás e mudar o nosso começo, podemos começar agora e fazer um novo fim."
Grande abraço. Paulo

"Eu sou o mesmo livro, podes ler"...

Mudou – Taiguara “Mudou! Mudou o tempo e o que eu sonhei pra nós Mudou a Vida, o vento e a minha voz, Mudou a rua em que eu te conheci. ...