Palavras são coisas muito sérias. E podem não ser também. Depende do referencial.
Para mim, entretanto, elas tem um peso tão grande na minha história que acabaram se tornando este Universo aqui.
Dependendo de sua forma, elas tem o poder de curar ou ferir.
Palavras escritas são o tempo que tem a chance de voltar. São ponteiros de um relógio cujo sino não badala nem o pêndulo se movimenta.
Já a palavra falada é como vento que sopra onde quer e ninguém vê. Podem ser um furação destruindo tudo ao redor, e podem ser uma brisa suave trazendo refrigério a corações feridos.
Em maio, quando tive de partir da vida da pessoa que mais amei na vida, eu não entendia o que acontecia. Então, o Big-Bang aconteceu e nasceu este Universo aqui.
Havia uma propaganda que era assim, uma enxurrada de letras invadindo espaços e formando cachoeiras imensas... O Amado dizia que era a minha cara.
Sabe, uma das coisas que mais faço na vida é pensar. A ponto de ter insônia quase todas as noites. Ontem mesmo eu vi um médico dizer que é um traço comum aos insones: Pensar demais.
É o meu caso.
Penso muito sobre tudo. Sobre política, sobre a minha família, sobre meus amigos, sobre meu passado, a respeito do meu presente, sobre meu trabalho, meu lazer, sobre minhas roupas, meu corpo.
Há momentos em que emprego todos os meus sentidos aos meus pensamentos e acabo percebendo tudo - absolutamente tudo - ao meu redor. Os sons que acontecem lá fora, a temperatura externa, a temperatura do meu corpo, o som dos meus cabelos escorrendo pela cabeça quando faço um movimento qualquer. Os cheiros que o vento traz à janela do meu quarto... Quando ouço uma música, se for música com violão por exemplo, eu percebo até mesmo o som dos dedos do violonista percorrendo as cordas... Ou das crinas das paletas dos violinos arrastando-se nas cordas para fazer um violino chorar suas melodias.
Percebo o som do vento nas folhas, e uma voz ao longe falando... E assim, eu me perco nos meus pensamentos, fazendo meu cérebro juntar todas essas partes, e tentando sentir tudo em volta de mim com o coração.
Muitas são as vezes que até sou tida como desatenta... Pensam que não presto atenção ao que dizem... Mas, sou toda ouvidos a quem está à minha frente... E todos os demais sentidos ao que está ao meu redor...
O que penso e sinto também é percebido... E acabam se tornando palavras. Chega a ser angustiante, muitas vezes, toda essa sede de viver e provar a vida.
Nem sempre eu fui insone. Por um tempo eu dormi até demais. E atribuo isto a uma certa depressão que nem sabia que tinha. Mas, ela estava ali. E o sono era uma forma de fazer o tempo passar mais que depressa.
Só que, quem convive comigo de uns tempos para cá, sabe que eu durmo pouquíssimo. E penso o tempo todo.
Certo domingo, fomos à casa de Pappys e Mammys como de costume e eu lá, acabada de cansaço porque a semana havia sido puxada e eu havia dormido quase nada, como sempre. Queria, por tudo, só dormir um pouquinho naquela tarde dominical. Fomos para casa e, enquanto o meu companheiro foi tomar um banho eu fiquei no quarto escurinhobom com ordens expressas para dormir. Eis que chega a pessoa e eu lá, sentada na cama sem conseguir pregar os olhos. Até que fui, literalmente, posta para dormir com ele o tempo todo me pedindo para parar de pensar um pouco. Deu certo. Pena que o telefone tocou e eu dei um pulo assustado e o sono foi embora novamente...
Mas, o fato é que as palavras inundam meu ser... E me enchem como se eu fosse uma esponja que precisa de água o tempo todo... Isto até me faz perder o rumo que quero seguir.
Porque há tantas coisas no mundo para eu ver, sentir, provar, que não sei se vai dar tempo!!!
Porém, enquanto isto, eu fico aqui consolada com o fato de poder escrever demais... Numa verborragia que, se fosse hemorragia, me faria morrer.
E, aqui escritas, as palavras me dão a chance de revisitar o passado vivido e sentido. E ter a chance de mover os ponteiros do relógio da minha existência para eu ir ao momento que quiser.
As palavras ditas ficaram lá atrás. E ficou o dito pelo não dito. Todavia, as que eu redigi, em cartas, e-mails, ou ainda em poesias, são documentos de um momento que pode voltar cada vez que forem lidas novamente.
Pena... As que dizemos podem ser tão lindas também... Mas, a memória, para algumas pessoas, só é palpável quando se escreve, uma vez que a escrita documenta o pensamento, as ações e os costumes. A escrita é o relato de uma época, ainda que este período seja apenas sentimento.
Eu costumo me lembrar de tudo o que eu digo. Ainda que pensem que não. Porém, eu, como ser humano que sou, posso mudar de idéia. Afinal, a vida segue em frente, rumo ao desconhecido. Ainda bem que há a possibilidade de podermos, de alguma forma, evoluir.
Nossa... Que loucura! Hoje, então, estou demais... Numa agitação mental que mal consigo saber o que estou dizendo...
Você aí, pode dizer se há algum sentido nisto que escrevi?
Socorro!!! Hoje eu não tenho quem me coloque para dormir, me mande parar de pensar... Desse jeito aqui, eu vou looooooooooooooonge, longe!!!