sábado, 30 de maio de 2009

Decidi: Amarei!!!



"Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados;
E quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe,
Embora a espada oculta em sua plumagem possa ferir-vos;
E quando ele vos falar, acreditai nele,
Embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que ele contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda.
E da mesma forma que ele sobe à vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,
Assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.
Ele vos debulha para expor a vossa nudez.
Ele vos peneira para libertar-vos das palhas.
Ele vos mói até a extrema brancura.
Ele vossa amassa até que vos torneis maleáveis.
Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino.
Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações e, com esses conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.
Todavia, se no vosso temor procurardes somente a paz e o gozo do amor,
Senão seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor,
para entrar no mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas.
O amor nada dá senão de si próprio, e nada recebe senão de si próprio.
O amor não possui e não se deixa possuir.
Pois basta-se a si mesmo.
Quando um de vós ama, que não diga 'Deus está no meu coração', mas que diga antes: 'Eu estou no coração de Deus'.
E não imagineis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso.
O amor não tem outro desejo, senão o de atingir a sua plenitude.
Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam estes vossos desejos:
'De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite;
De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada;
De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor;
E de sangrardes de boa vontade e com alegria;
De acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor;
De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor;
De voltardes para casa à noite com gratidão;
E de adormecerdes com uma prece no coração pra o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança".

Gibran Khalil Gibran - O Profeta





Que texto magnífico, não?


Ele tem profundidade em todos os aspectos... Na estilística, fruto da maravilhosa mente de Gibran e da cuidadosa tradução de Mansour Challita, e o é também em seu conteúdo intenso e sincero, resultado de uma vida dedicada à incessante busca pela verdade do amor.

O próprio Gibran disse: "Vim para viver na glória do amor e na luz da beleza. Vim para expressar o que adormece no coração de cada um de nós. O que sinto hoje na minha solidão, o futuro exibirá para todos. E o que digo numa só voz o futuro repetirá em cem vozes".

Comparo o amor a um oceano... No qual, quando mergulhados, não podemos mais sair. É preciso coragem para essa grande incursão no amor... Seja ele de que espécie for... Porque, quando lá mergulhados, não há a menor chance de volta... E os que, ainda assim, conseguem retornar, jamais serão os mesmos...
O amor tem muitas faces, mas é um só... Nasce de uma mesma fonte que é inesgotável...
E sua profundidade, de fato, é bela. A poderosa voz de suas ondas é, ao mesmo tempo estrondosa e suave: Acalenta, ao tempo em que fere... Porque simplesmente não se pode deixar de ouvi-la...

O amor não é egoísta... Egoístas são nossos medos que nos afligem dioturnamente... Medo de ficarmos sós, medo de sofrer... E o amor, muitas vezes nos deixa sós e nos faz sofrer...
Sim, porque só quando se ama é que se sabe o quanto é duro deixar ir embora. Mas, a gente deixa, mesmo sabendo que o ser que amamos sofrerá longe de nós e nada poderemos fazer para que isto não aconteça... Porque, apesar de amarmos, apesar de deixarmos a nossa parentela para nos tornarmos uma só carne, tornamo-nos uma só carne, mas não uma só alma, não um só espírito.
E cada um deve aprender a viver, ninguém pode viver a vida de outro... Lição dura tem sido esta para mim!!!
E ele faz assim conosco para que aprendamos a nos libertar de nós mesmos!
Assim é que eu fico "ferida por minha própria compreensão do amor", porque sei o que é a "dor de sentir ternura demasiada"...


Disse também Gibran : " Pois assim tem sido sempre com o amor. Ele só conhece a sua própria profundidade na hora da separação".
E não é assim, muitas vezes?
É preciso ficar longe e sentir saudade para sabermos qual é a medida do nosso amor...
Isto acontece o tempo todo ao longo de nossa vida... Acontece com nossos pais, acontece com nossos irmãos, acontece com nossos amigos, com nossos companheiros, com os filhos, e assim por diante.
É amor!!! Este oceano incompreensível que só revela suas belezas e perigos a quem está disposto a mergulhar sem medo de perder o fôlego, sem medo de se despedaçar nas ondas, sem medo de enlouquecer no silêncio de suas vagas... Sem medo de se arrepender por, muitas vezes, achar-se enganado...

Eu, depois de muuuuuuuuuuito pensar, cheguei à conclusão: Ainda com medo, amarei! Seguirei a voz do amor que me chama, ainda que ele possa despedaçar os meus sonhos... Amarei! Sim, amarei, porque sei que, desta vida, é só o que levarei comigo, e é apenas o que deixarei de verdadeiro valor àqueles a quem amo. Tudo o mais é só vaidade... Deixarei, então, apenas meu amor... Amor!!!
Só impressões, sem pretensões!!!

Bom sábado a todos!!!


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