segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Sensorial

O sossego da minha alma é a rede que o vento embala, de mansinho. É a brisa gentil dos sonhos que a noite trouxe ao dia. É o caminhar sorrateiro do pássaro, o cochilar tranquilo de um gato.
Viver é o presente das estrelas, o sorriso das manhãs e o frescor da ventania - esse movimento leve das mãos de quem se ama sobre a pele nua.
Meu sorriso é de gozo, de braços, pernas, toques, badernas. De luxúria eterna da deusa humana.
Os passos do meu espírito caminham em apenas uma direção, de uma cruz que, no monte, aponta para o céu, a dor do sofrimento calmo, a firmeza da madeira quente, a loucura dos espinhos da carne, a certeza do norte que nunca mente.
Meus ouvidos escutam os sons do mundo. E os sons do outro também. De um mundo que é sonho, que é real, que se mistura onde o tempo não há. Vivo entre o presente e os ouvidos que não sentem e nada podem escutar.
Sinto o sabor do mar, mesmo longe, sinto o gosto da água pura que desce do monte e provo o doce mel dos frutos por onde passo. 
Avisto o céu azul, o céu cor de arco-íris, o céu negro da noite e o céu ameaçador das tempestades e me deleito nessas vontades naturais. Do calor. Do frio. Dos dias mornos. Das noites sem luar. 
Seguro firme a vontade de viver, mesmo quando ela não se dá. Seguro essa corda firme e frágil, a teia de aranha sempre em seu tear. Essa teia que só eu vejo, pegajosa, brilhante, fugaz. O vento não a derruba, ainda que tente. A chuva ali fica como gotas de cristal, lembrando que é ali que preciso me firmar.
Sou errante nesse mundo sensorial. Esse mundo que só vive em mim. 
Essas fontes, esses abismos, essas montanhas, esse calor. Essa imensidão que  intimida, que desperta, que devora, que apavora, que é destemida, corajosa, invencível e insegura. Uma contradição em si. Essa vontade que se acaba em e que se renova em derramamentos de eu.
Uma cratera lunar, uma estrela de sal. Um grão de açúcar.
Sentidos a postos para viver no sossego, nas tempestades, na ventania, na montanha ou no mar. 
Explorando sempre esse mundo, esse Universo, essa virtude de muito amar.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Entre Linhas

Esse, eu acho, é o meu modo mais natural... escrevendo. 
Sem dúvida alguma é, das muitas formas de arte que amo e pratico, a que eu mais gosto.
Quem me conhece em profundidade, sabe como é difícil para mim falar sobre o que eu sinto. É mais ou menos, dependendo da situação, como uma violência para mim.
Mas, quando eu escrevo  - seja da forma que for - ah! Eu tiro as roupas da minha alma e saio porta a fora! 
Escrever é carinho, é briga, é desabafo, é criação... é a metáfora mais perfeita de mim mesma. 
É nas entrelinhas que eu me conheço a mim mesma e tiro de dentro de mim, inclusive, aquilo que não me serve mais. 
Sabe como é?
Mais ou menos assim: por meio da escrita eu consigo construir a imagem daquilo que eu quero saber, expressar, sentir. Como um arquiteto que faz o projeto, mas é a maquete que vai, se certa forma, dar vida a ele. 
Quando eu leio o que escrevo, se percebo algo que não está legal, trato de varrer e jogar fora de de dentro de mim. 
E foi assim que demoli a mim mesma durante esse ano que passou e estou me reconstruindo. No processo, pode ser que algo não saia bem como o planejado. Porém, certamente será algo que no final vai dar certo! Sempre dá,  sempre é bom! 
Eu, que detestava mudanças, agora amo. Aprendi que mudar não mata. Ou melhor, mata o que a gente precisa para ir sempre mais leve...
E é assim: Vou mais leve, deixando meu edifício bem arejado e somente com o necessário para ser feliz!

Texto publicado no Facebook em 19/10/2020... e continua mais atual que nunca! 

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Talvez

Estou com tanta saudade... 
E você está aqui, tão perto.
Mas, vejo em seu olhar tanta distância. 
Talvez, na verdade, ela esteja em mim e nessa mania que querer ver olhos intensos, abraços apertados, beijos apaixonados. 
Talvez ela esteja na vontade das mãos dadas, e na viagem que ainda não fizemos.
Talvez ela esteja na juventude que não vivemos juntos. Nas brigas que não tivemos por causa da imaturidade própria dos que pouco viveram.
Talvez ela esteja nos machucados da vida, que nos fazem, por algum tempo, acreditar que novos amores são sempre melhores que os velhos.
Talvez, esteja no sol que fica muito quente e queremos a sombra novamente.
Talvez, esteja na sombra que nos faz ter frio e a gente queira ficar no sol novamente.
Talvez esteja no fato de que precisamos de incertezas para conseguirmos ter certeza de algo.
Talvez esteja na proximidade excessiva, no convívio diário... afinal, muitas vezes é, à distância, que vemos mais claramente a montanha.
Talvez esteja na distância... pois é perto que conseguimos enxergar os detalhes.
Talvez esteja na falta, pois é nela que desejamos a abundância.
Ou, talvez esteja na abundância, pois é nela que percebemos que, às vezes, mas só às vezes, a gente precisa sentir falta de algo ou de alguém.
Quem sabe? Quem sabe ela não está ali? Acolá? Aqui?
Acho que é aqui. Aqui dentro mesmo. Porque lá fora que não é. A gente é proibido de sair de si.
Quando a gente sai de si é tudo estranho, e as pessoas dizem que não nos conhecem. 
E ficam dizendo que sentem falta de nós. Só que quando a gente volta, ignoram quem somos e aí a saudade bate outra vez e a vontade de sair de si vem junto e vira tudo uma merda de uma bagunça!
Melhor deixar essa saudade aqui dentro mesmo, quietinha, regulada, calma e serena.
Equilibrada! Essa é a palavra. A gente tem de estar com a saudade equilibrada aqui dentro, porque, senão, a gente sai de si pros outros sentirem falta do que éramos e a vida vira de cabeça para baixo. E ninguém gosta de novas perspectivas.
Todos gostam da mesma vista. Aquela, bem bonita, como se fosse um quadro pintado por artista, paisagem serena, sem ventos, sem tempestade, sem calor, sem frio... Morta. 
Mas, pra quem mesmo a gente faz essas coisas, hein?
Tava pensando nisso... E aí me bateu a saudade e esse tanto de "talvez."
Talvez isso, talvez aquilo e... porra! Eu continuo na mesma, pensando nesse tanto de "quem sabe se?".
Andando em círculos, sem sair do mesmo lugar e eu quero saber se a vida é isso mesmo ou se eu vou viver entrando  saindo de cavernas ao longo da vida.
Só que ninguém fala, quando a vida começa, que quebrar grilhões machuca!
E como isso dói! Dói a ponto e a gente querer ter ficado no mesmo escuro pra sempre.
Talvez essa porra de saudade nem exista. Seja coisa da minha cabeça. 
Talvez seja a falta de seleção musical feita pra mim. Da mensagem que eu mandei e não tive resposta nunca mais, pois tudo se tornou corriqueiro e normal.
Mas, que merda é essa de normal? 
O que é isso, pelo Amor de Deus?!
Seria pedir demais para alguém me explicar o que é esse normal? 
A gente precisa mesmo ficar preso ao que esperam de nós?
E, sabe de uma coisa, no fundo todos os "talvez" seja eu... Talvez a saudade seja eu.
De uma pessoa que o tempo levou em todos os sentidos: corpo, alma, mente, espírito, sentimentos... 
Uma pessoa que sente dores e que não sabe ainda o que é o tempo, que não se entende nesse lugar que ama e que tanto sonhou.
Talvez essa saudade seja apenas a vontade de ser alguém que não teve condições de ser. Ou não!
Porque, afinal, todo talvez não passa de uma incerteza, brutal e vil. 
É o tal do nunca se sabe e nunca se vai saber e foda-se, porque a gente acredita sempre, com muito otimismo, que há um bem maior apoiando tudo nesse universo. 
Ainda bem, ufa! 
Porque, perdida como estou nas minhas incertezas, entrando a vida toda em cavernas, sendo aprisionada e me libertando o tempo todo, eu só posso não sentir saudade dessa verdade que não se interrompe: a da fé.  
Mas, ainda assim, sinto saudade. E até o dia em que eu não souber de quê é essa porra toda, eu fico com o meu talvez.
Pois, quem sabe de tudo mesmo? 
Eu não sei! Ainda bem.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Medieval

   
Quando eu estava na faculdade, eu iniciei meu processo de Monografia  com um projeto. 
    Ele era na área de Literatura Portuguesa e eu amava o tema: "O Amor Cortês Como Construto Social e Histórico".
    Fiz o projeto e tirei nota máxima!
    Mas, Gabizinha, o que quer dizer todo esse palavrório aí? 
    Bom, quer dizer que o tal do Amor Cortês historicamente construiu nossas relações sociais. Só isso? 
    Então, seria SÓ isso se esse tal conceito não tivesse invadido as nossas vidas desde o século XII.            Alguns estudiosos, entretanto, acreditam que ele é advindo dos primórdios do cristianismo, quando a palavra Amor em seus muitos sentidos, passou a ser utilizada para marcar as nossas relações em todos os âmbitos.
    Daí para cá, tudo para a gente precisa gerar esse sentimento. Inclusive, a indústria da publicidade se vale desse artifício para nos fazer comprar coisas e sustentar toda uma cadeia. Temos de ser seduzidos! E nem nos damos conta disso.
    Temos a constante sensação de que devemos sempre estar enamorados. E isso se reflete nas amizades, nas relações profissionais, nas relações parentais, nas relações matrimoniais, nas relações empresariais, nas relações trabalhistas, nas relações comerciais etc.
    Precisamos sempre nos sentir queridos ou precisamos nos sentir apaixonados, querendo algo ou alguém, razão pela qual temos esse impulso de querer sempre estar próximos daqueles que dizemos ou pensamos amar, como se somente a proximidade fosse amor.
    Gente, a coisa é tão séria que até os gatos pagam por isso, acredita?
    "Ah! Gato não ama! Cachorro, sim! Cachorro, quando a gente chega, abana o rabinho, pula, quer sempre ficar agarradinho. Você briga com ele e ele vem logo atrás de você, como se nada tivesse acontecido. Gato, não! Gato só gosta da casa. Só vem pra perto de você quando quer comida"... E por aí vai!
    Eu nunca entendi por que as pessoas precisam tanto de provas de que são amadas, como se todos tivessem de ter a mesma atitude de um cão. Querem que todos e todas estejam à sua mercê como se não fossem pessoas diferentes, com vivências diferentes, com sentimentos diferentes e, principalmente MODOS DE SER E DE AMAR DIFERENTES!
    Sim, caríssimos! O Amor Cortês é bom... Mas, ele também pode ser uma desgraça.
    Oi? Siiiiiiiiim! Pode. Essa cobrança excessiva, essa vontade de sentir o coração pulsando forte o tempo todo, esse encantamento é maravilhoso. Essa sensação de que o ser amado é a coisa mais importante da face da Terra, de que a vida é muito mais colorida com ele é tão belo! É lindo se sentir amado. É lindo se sentir querido, valorizado, como se você fosse o diamante mais raro do universo! 
    Mesmo sem tudo isso, quem disse mesmo que não é? Quem disse que não somos únicos?
    Pois, voltando ao meu projeto de monografia que jamais virou monografia, eu ia analisar uma Cantiga de Amor de Dom Diniz, um rei de Portugal que, além de mega poderoso, também era um trovador. Ops! Não, um poeta!!! Porque os trovadores, para quem não sabe, passavam de cidade em cidade cantando suas trovas e levando a história por meio da música em forma de poesia.
    Sim! O trovadorismo foi a primeira onda de sofrência de que se tem notícia, meus caros!!!
    E  aí, meu objeto real de estudo seria a música linda de Pixinguinha, A Rosa! 
    Ah!!! Une duas das coisas que mais amo na vida: Uma rosa e um amor sem precedentes.
    Coloca sua dama sobre um altar onde ambos - ele e sua amada - seriam sacrificados em nome do amor, e viveriam somente para si eternamente apaixonados... Vai vendo!
    Para quem também não sabe, os trovadores eram somente homens... E muitas das cantigas tinham como Eu Lírico (eita ensino médio bom, hein? Sei que você se lembra o que é isso) feminino. E a mulher sofria esperando seu amado, que um dia a viu de longe e por quem ela muito se enamorou, que foi embora deixando-a sozinha à sua espera e ela pranteava à beira dos rios, mares e florestas a dor da espera por seu amado. 
    Epa! Que fique  bem claro que ele foi embora para lutar em uma guerra ou coisa parecida, hein?
    As Cantigas de Amor, por sua vez, têm o Eu Lírico masculino e é sempre um homem humilde que se enamora de uma cortesã e seu amor é impossível de ser consumado, pois ela é sempre linda, sempre moooooooito rica, sempre delicada como uma porcelana, sempre lá na sua torre. Ele é tão pobre e tão humilde, ele a quer, ele a deseja, mas ela é quase uma santa e ele jamais seria digno de tocá-la. Ai, ai! (suspiros)...
    Gente, tudo isso para dizer que, se você ler qualquer letra de música hoje que fale de amor, se você ler qualquer livro sobre uma história de amor - ainda que seja o 50 Tons de Cinza -, se você ler todas as histórias passadas do meu Blog, se você ler uma bula de remédio, é bem capaz de você enxergar esse ideal do Amor Cortês passando em alguma linha.
    É sério! Procura que você acha.
    Então, vamos ao que interessa... 
    Viajando pelas ondas do mar do Instagram, eis que eu ouço uma linda melodia. Que saiu assim, do coração de alguém como se fosse uma brisa calma. E eu me lembrei de tudo isso aí. E me vieram as palavras, assim, como uma água que sobe à fonte e eu acabei compondo essa trovinha aí embaixo...
    Coisa simples de quem brinca com as palavras para fazer brotar algo tão fofo e bonitinho.
    Apesar de ter toda essa consciência aí de que somos meio que "manipulados" por mecanismos tão antigos que sequer conhecemos, eu gosto muito do amor cortês. E já até tive a honra de sofrer desse mal, porque quem dele não sofre nunca viveu!
    E aí, eu escrevi esse medievalismo tolo. E imaginei uma menina que está descobrindo o amor. Pensei naquelas damas tão lindas e fofas descritas nas trovas medievais de Portugal e nos pobres rapazes que as olhavam de longe, desejando um dia só serem tocados por aquelas mãozinhas que nunca viram trabalho pesado. Pensando nelas também, presas em sua condição de mulher, sem ter escolha de nada, sequer de poder ler e conhecer as trova para elas compostas. E foi então que saiu do meu coração uma trova Medieval.
    E está ela aqui, com vocês... Modestamente!

Medieval

Vem, vem brincar!
Vem brincar 
Na minha janela,
Vem brincar!

Me fazer assim tão bela, 
Vem brincar!
E dizer meu nome, "Belle"!
Vem me amar

Me dizer as trovas belas,
Vem me amar
Ser meu cavaleiro
Amado, me chamar

Pra dizer o quanto espera 
Vem chamar,
Que eu não canso de esperar,
Vem, me amar...

Gabi Avelar, 18 de agosto de 2020



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Dentro dos meus braços...

   Eu sempre gostei muito de abraços. Eu detesto esse protocolo de que em um lugar se deve cumprimentar com um beijinho, com dois, com três, ou só com um aperto de mão etc. 

    Eu gosto é de abraço! Apertado, para sentir o coração. E não acho desrespeitoso, a não ser que a pessoa pegue em locais que não deveria, né?

    Brincadeiras à parte, eu, que já gostava muito do calor humano, estou sentindo tanta falta das pessoas... E não estou dizendo que estou com saudade de aglomerar... Essa palavrinha que ficou tão em uso no momento. 

    Estou dizendo que eu tenho a sensação de que nos tornamos tóxicos uns aos outros. Já pensaram nisso? Quem me conhece muito bem sabe que eu não gosto de sair de casa, mas que gosto muito de receber pessoas na Casinha. Só que agora a gente fica cheio de medos, não é? 

    Estou sentindo falta de ver as pessoas por inteiro. De, além dos olhos, ver os lábios falarem, sorrirem. De ver os músculos da face trabalharem para fazer expressões. Sim, os olhos são as janelas da alma, mas eu queria tanto ser livre novamente para observar as pessoas por inteiro.

    Gosto do abraço sincero, apertado, aconchegado, do sorriso verdadeiro, das risadas boas de pertinho. De poder dizer o quanto gosto de alguém dessa forma. De sentir o coração, a respiração, o calor do corpo. Porque, sim, nosso cérebro registra tudo isso em poucos segundos. E aí eu sinto se meu amigo está bem, se está aborrecido com algo, se está feliz, se está alegre. A gente sente tudo em poucos segundos de um abraço.

   Como eu acho bom! A gente não tem podido sequer abraçar nossos pais, nossos irmãos... Quando precisamos sair e chegamos em casa, precisamos antes tirar os sapatos, lavar as mãos. Ou até, quando trazemos algo para casa, antes de tudo, levar isso para onde tem de levar e esterilizar e depois lavar as mãos e aí a gente consegue cumprimentar quem está em casa. Aquele abraço de rompante, quando chegamos em casa acabou. Que triste isso!

    Ai que saudade!

    Quando tudo isso acabar, eu quero fazer igual a música de Tom e Vinícius: "dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços apertado assim, calado assim..." Porque eu quero muito sentir novamente as pessoas. De ver como são por inteiro, sem máscaras, sem luvas, sem milhares de proteções. 

    Quero um aperto de mão sincero, quero um sorriso aberto, com direito a muitos dentes, olhinhos apertados, bochechas subindo, ruguinhas no nariz e ao redor dos olhos. Ah, gente! Como precisamos valorizar essas coisas, né?

    Até eu que sou um pouquinho reservada nesse sentido de estar entre muita gente - não gosto muito, pois me sinto desconfortável - o que eu quero é um abraço de quem eu nunca mais pude abraçar. Dos que eu considero em minha convivência, daqueles que realmente me fazem bem e a quem eu acredito que faço bem também.

    Abraços, abraços, abraços e muitos abraços. Não vejo a hora de essa pandemia passar e agente não ser mais tóxico, de a gente não mais ser perigoso, de a gente poder sorrir e falar de pertinho, respirar normalmente o mesmo ar que o outro respira.

    Seja lá a piadinha que você estiver pensando aí nessa sua cabecinha, eu lhe digo: Ah! Que beleza você ter essa cabecinha bem humorada, e eu queria muito poder rir junto, fazer piada junto, falar um monte de besteira junto. Sem máscara e com abraço, de preferência.

    Tá combinado então! Dia desses, nos abraçaremos e sorriremos com sinceridade. E, quem sabe, teremos momentos muito legais de rir de a bochecha e a barriga doer e até a nossa alma sarar dessa doença terrível da distância. 

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Tempus Fugit

Tempos atrás eu assisti ao meu primeiro dorama. Oi? Não sabe o que é? Pois, vou lhe explicar: São assim chamados os dramas orientais, porque eles, em tese, não conseguem falar o fonema formado pelo encontro consonantal "DR". Então, aqui no Brasil, os fãs - predominantemente mulheres - começaram a chamar essas novelas ou, no modo contemporâneo de dizer, séries de doramas e eu me apaixonei! 
Gente, sem mentira, os orientais mandam muito bem nas histórias!
Seja o dorama contemporâneo, histórico ou histórico-fantástico, ele tem um charme só dele!
Bom, o nome do dorama é Oh, My Venus! Lindinho demais e recomendo. É a história de uma moça que era linda, magra, animada e super cobiçada por todos os rapazes. Um deles, um atleta de ponta da natação coreana, apaixona-se por ela e, enfim, consegue conquistá-la. Chamou a minha atenção, algo que ele lhe disse: "você é o meu primeiro amor e vai ser para sempre." 
Na história, muitos anos se passam. Ela estuda direito, ele se torna campeão olímpico e vai trabalhar em um conglomerado médico que possui o mais modernos hospitais e investe em pesquisa de ponta... Mas, durante esses muitos anos, ela engorda. O namoro esfria. E ela espera que ele proponha o noivado. No dia em que ela espera por isso, ele termina tudo e ela descobre que ele está namorando uma mulher que eles já conheciam desde adolescentes e que, no passado, era muito gorda, desajeitada, e tímida. Enfim, não vou contar todo enredo aqui porque acho que vale a pena você assistir. De verdade. É leve, é engraçado, é romântico... sobretudo, é envolvente!
Mas, queria versar um pouco sobre as primeiras coisas que fazemos na vida.
Eu sempre fui apegada ao instante em que as coisas acontecem: o momento em que os postes se acendem  na rua. O canto do primeiro pássaro de manhãzinha, quando o primeiro raio de sol, timidamente, dá o sinal de que vai surgir no horizonte. O instante em que você já não houve mais nem um passarinho cantar, anunciando que a noite chega.
Como mãe,  eu passei a valorizar ainda mais essas instantes e, sobretudo, as primeiras vezes em que algo acontece. A primeira ultrassonografia... deu pra contar todos os dedinhos de Sofia! A primeira vez que eu a senti mexer na minha barriga parecendo asas de uma borboleta batendo dentro de mim. A primeira vez que a senti soluçar dentro de mim - que agonia! A primeira contração mais forte. O primeiro choro. A primeira mamada. O primeiro banho. O primeiro sorriso. A primeira febre. A primeira vez que rolou, se arrastou, engatinhou, o primeiro passo. O primeiro dia na escola, o primeiro desenho, o primeiro dentinho que caiu. A primeira palavra... 
Ah! O milagre de uma vida se desenvolvendo! E os primeiros tudo!
É assim que uma vida se constrói!
Eu ainda me lembro de algumas coisas minhas. A primeira vez que andei de bicicleta... Minha bicicleta era vermelha, uma Cecizinha que ganhei de natal . Meu pai me ensinou na faixa verde  lá de casa. 
O meu primeiro beijo - a partir de agora, conto o milagre, mas não o santo! Hehehehehehe - o primeiro namorado... e por aí vai. 
Mas o que quero dizer aqui, nessas linhas que começaram a se delinear lá na Coreia do Sul, é que a gente tem o péssimo costume ocidental de, no correr da vida, esquecer de que ela é todinha feita desses primeiros momentos. Tudo o que a gente faz, mesmo que já pense ter feito milhares de vezes igual, nunca é igual! 
Quem foi que disse que um homem que mergulha em um rio, quando sai, nem o rio é o mesmo rio, nem o homem é o mesmo homem?  Porque o segundo que passa, já não é mais quando o outro vem! 
Clarice Lispector, em Água Viva, diz: "Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante-já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante-já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é."
Pois então! O que me prende aos instantes é, justamente, que ele escorre por entre os meu dedos e, quando vejo, ele já não existe e se tornou passado... daqui pra frente é só o incerto e fica eternizado em um presente que só o é na memória de quem viveu, petrificado como estátuas de um museu  de lembranças só minhas. 
Feitos do jeito que eu vi, que eu percebi, atormentados ou alegres dos meus tormentos, das minhas dores ou das minhas alegrias e do sublime que é um ser.
E aí, meu convite a você é: já visitou suas memórias Hoje? Quais os instantes você tem para lembrar? Quantos são os que você tem fabricado? Quantos você tem feito com o propósito supremo de guardar, com amor, no salão mais nobre desse museu - o coração?
A cada passo que dou dentro de mim, tenho muitas histórias pra contar... algumas dolorosas, outras neutras, a maioria muito feliz! 
E a tudo o que foi instante e primeiro, o agradecimento por fazer parte do acervo que construiu minha história até aqui! 
E a todos os instante que se sucederem daqui pra frente, eu digo: estou indo lhe fazer ser vida, do mesmo jeito como diz um escultor ao mármore, que lhe fará aquilo que lhe diz para ser. 
E como o rapaz que disse para heroína da novela que ela era o seu instante que possamos, como Clarice, nos apossar do é da coisa. Porque, daqui a um segundo, o é... já não é mais.

domingo, 31 de maio de 2020

Vou mais leve...

Eu não estou cansada...
Eu ficava cansada quando estava no auge da depressão. Não havia forças para levantar da cama todos os dias. Apenas motivação: minha filha. Afinal, ela precisava ir para a escola. Ela precisava ser alimentada. Precisava de uma mãe que cuidasse dos interesses dela. Precisava de alguém que acompanhasse as tarefas de casa. 
Mas, eu estava cansada! Nem falo do corpo. Esse ainda se cansa, mas é físico e eu resolvo. Resolvo quando a mão, o braço,o ombro e o pescoço doem ao escrever poucas palavras. Simples assim: paro. Depois, continuo. Cansa quando eu caminho alguns passos... doem os músculos da coxa, aqui, perto da cabeça do fêmur. Eu continuo. Mas, quando foi demais, respiro fundo e, se precisar, paro.
Mas, agora não estou cansada. E eu digo aquele cansaço de não dar forças para tomar banho. Escovar os dentes. Querer arrumar o cabelo. 
Mas, né? A gente ainda vai fazendo essas coisas, porque não vive só. Tem uma filha. E você é o exemplo. Afinal, sou a mãe, tenho de ser forte. Por ela. 
Eu não estou mais cansada. Nem de longe! Gosto agora de arrumar minha casinha, de fazer comidinha, de levantar - mesmo no meio dessa pandemia - e me arrumar. Colocar uma roupa bacaninha, mais arrumadinha, mas confortável para ficar em casa. Lavar a roupa, arrumar os armários, ir para o escritório e ler algo, assistir a um filme ou até mesmo participar de uma reunião. Fazer um curso à distância... 
Eu não estou cansada, não. Aproveito o tempo em que minha filha não está na escola para admirar sua beleza e, às vezes, até dar bronca para ela fazer atividades da escola. Mas,  entendo quando ela acha muito chato, pois é uma menina muito sociável.
Mas, de vez em quando, eu me canso... e cansei! 
Cansei de ver noticiários e ver todo mundo atacando todo mundo. É gado, é boiada, é palavrão, é gente daqui e dali se matando em ódio coletivo que se alastra mais que o vírus que, eu achava, já era mortal o suficiente.
E aí, eu tenho de pensar nos que são grupo de risco, nos que não são, nos que precisam trabalhar, pois não têm o que comer, preciso ficar atenta ao modo como pego na bendita  máscara, no modo como toco na porta do carro internamente, passar álcool 70% até na alma e ainda ficar louca porque o presidente falou ou disse algo, porque o STF resolveu ignorar a constituição que ele mesmo diz defender, que o Congresso está cheio do estrume da vergonha de uma nação representada...
E aí, eu me cansei! Cansei, e só assito ao jornal local por puro senso de praticidade - preciso, afinal, saber um mínimo sobre o pequeno quadradinho demarcado por Cruls e que chamo de lar.
Cansei! Poxa, tanta coisa mais importante acontecendo e todo mundo ficando maluco. O mundo enlouqueceu! E eu que pensava que não precisava mais ver o racismo ser filmado, fotografado, divulgado e documentado porque achei que nesse ponto da evolução humana já teríamos, como espécie animal, finalmente descoberto que somos todos iguais. Mas, não! Não somos, ao que parece! Meu Deus!, eu pensei, será que ainda temos jeito?
Sem contar que ainda vemos e vivenciamos as perdas de pessoas que amamos sem poder dar abraços, vivenciamos absurdos sendo cometidos com pessoas vulneráveis dentro de um hospital onde deveriam estar sendo bem cuidadas...
Esses meses estão sendo muito intensos. E aí eu cansei!
Mas, agora, não estou mais cansada, não. 
Porque, no meio no caminho inteiro eu tenho meu Jesus! No caminho Ele nos presenteia com pessoas maravilhosas que têm condições para ajudar a levantar seus iguais. No meio do caminho, a gente vê a justiça se levantar, de uma forma ou de outra. No meio do caminho, a gente observa dias mais lindos, pode aproveitar cada mínimo canto do que a gente chama de lar. Pode abraçar mais vezes quem a gente ama, aconchegar sem pressa e com exceço de ternura nossos filhos. 
Não estou cansada. Pois, entendi que as dores a perda de quem amamos podem até não passar, mas a saudade pode cobri-la como um cobertor quentinho de amor.
Entendi que eu tenho a força das orações silenciosas que faço o tempo todo,  sejam elas de súplicas, sejam elas de louvor, adoração e gratidão a Deus, pois a mim não pertence a justiça, muito menos a desse mundo.
Não estou cansada, porque entendi que, ou eu creio que Ele tem o controle de tudo e sabe o que faz, ou então, eu simplesmente jogo meu desespero para o mundo e espero um fim, sem esperança alguma de que algo faça um sentido. E uma história sem sentido no final, não é para mim.
Não estou cansada. Porque ganhei de presente o que eu mais queria: ficar na minha casa! Tiro tanta força daqui!
Há um descanso em meu coração e uma paz que nem eu mesma posso entender. 
Não estou cansada... E desconfio que sei o motivo. Eu acho que, finalmente, aprendi o que é ir ao meu Jesus, eu, que era tão cansada e sobrecarregada, para que Ele me alivie. E Ele me dá o jugo e o fardo da Graça. Essa, sim, é leve e dá descanso.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Na Passarela

   É engraçado como temos a estranha tendência de acreditar nas coisas ruins que dizem sobre a gente.
   Pode reparar... Muitas vezes - que mulher nunca? - a gente acorda se achando linda! Se arruma e sai. Ou fica em casa, mas se sentindo o máximo de linda. Sabe aquele dia em que seu cabelo amanhece perfeito, sua pele está um pêssego, você não está inchada e seu olhos estão mais brilhantes? Então... Basta chegar em algum lugar e alguém dizer algo do tipo: "Nossa! Eu não sabia que você estava grávida! ou, "O que você fez no seu cabelo, menina? Está bonito, mas eu preferia do outro jeito." Ou ainda, "você tem um rosto tão lindo, ia virar uma modelo internacional se emagrecesse" / "Porque você não tenta a dieta dos pontos / jejum intermitente?" E já ouvi também: "Essa depressão passa se você fizer exercícios", ou "suas dores todas irão desaparecer se você fizer exercícios, e você ainda vai ficar muito mais bonita e melhorar sua autoestima, porque irá emagrecer". 
  Toooooooooooodas essas palavras - basta uma dessas falas - bastam para arruinar um dia que amanheceu com um espelho mostrando uma mulher maravilhosa!
   Nesse dia, essa mulher foi dormir desfigurada por dentro: horrível, cheia de celulites, gorda, com peitos caídos, cabelo de vassoura, vasinhos na perna inteira e, claro, com a cara inchada de tanto chorar, ou pior, uma alma mais uma vez dilacerada.
   Sabe, aqui prestes a completar 41 anos, sinto que, na verdade, agora começo o verdadeiro aprendizado da vida. Mademoiselle Chanel, minha xará favorita, dizia que, infelizmente, as mulheres só se dão conta do quão lindas eram quando já é tarde demais. Pois é...
   Não que eu ache que já é tarde demais. Mas, sinto que perdi, pelo menos uns 20 anos ou mais de muita paz e amor com o meu espelho.
   Porém, vou me dar um pequeno desconto, pois há pelo menos alguns anos que decidi ser o mais gentil que posso comigo mesma e me amar o quanto mais eu puder, da maneira que eu puder.
    Passei alguns muitos anos da minha vida, entretanto, ouvindo coisas muito cruéis sobre meu cabelo, meu corpo, minha bunda, meu jeito de ser, minhas atitudes, meu comportamento, meus talentos, minha capacidade intelectual, sexualidade, meus amigos e até mesmo minha família. Ou seja, tudo o que eu era e tudo o que vinha de mim, ou tudo o que me fez era ruim.
    Ao cabo de tudo, eu mesma já acreditava em tudo aquilo. E olha que nem culpo de tudo quem disse e pensava tudo isso. Eu me responsabilizo por não me amar o bastante para não acreditar. Porém, eu era muito novinha e inexperiente, não tinha, digamos, o couro grosso. Somente com muito choro, muitas conversas solitárias e muita dor que eu fiz as pazes comigo mesma e estou aprendendo a me perdoar.
    Há poucos dias eu li a seguinte frase: "Perdoe-se pelos erros do passado, afinal, você não tinha o mesmo nível de consciência que tem hoje." Eu, mesmo assim, me entristeço, porque eu fico pensando no tanto de precioso tempo eu perdi carregando pesos que colocaram sobre mim e que eu aceitei.
    Mas, também penso que foram justamente todos os erros, todos os acertos, todas as pessoas com quem tive oportunidade de encontrar, amar, as que magoei e convivi durante esses meus anos de vida, todas essas experiências que talharam essa pessoa que eu me tornei. Estou, finalmente, sentindo que a vida se descortina à minha frente e gosto muito dessa nova perspectiva.
    Chanel também disse assim: "uma mulher que corta o seu cabelo está prestes a mudar a sua vida" e que "a beleza começa no momento em que você decide ser você mesma." E bem nessa toada eu, em 2016, resolvi assumir meus cachos e cortei radicalmente meu cabelo, tentando retirar as inúmeras progressivas que vinha fazendo desde 2006. Eu não tinha ideia de que, na verdade, uma imensa mudança estava se passando dentro de mim. Que, na verdade, eu já não estava mais suportando o peso que minha alma estava carregando. 
    Aqui mesmo no Universo eu relatei toda a minha história de ansiedade e depressão e nesse mesmo ano de 2016 eu comecei um grande processo de vontade imensa de mudar. Mudar alguma coisa e nem mesmo eu sabia o que era. Cortei o cabelo, mas voltei a alisar. 4 anos se passaram, já tentei até mudar de casa e aí, eu cortei o cabelo bastante mesmo depois de uma cirurgia de histerectomia e ainda por cima fiquei ruivíssima! E, ninguém imagina o quão bonita eu estou me achando! 
    Uma das melhores coisas da pandemia de COVID-19, sem dúvidas, é a gente não encontrar com pessoas sem noção e que não conseguem segurar a língua.
    À parte o corte de cabelo que as cacheadas progressivadas chamam de "the big chop", ou o grande corte, também decidi, definitivamente, parar de neuras com o meu corpo. Obviamente, sou mulher e, como toda mulher, há coisinhas que gostaria de mudar. A barriguinha que ganhei depois da gestação, diminuir os seios e fazer uma lipozinha de papada... e tudo o que a gente fica inventando para envelhecer melhorsinha, né?
    Um dias desses, pensando um pouquinho, eu cheguei à seguinte conclusão: E se eu não emagrecer mais? Passarei quanto tempo mais esperando perder quilogramas para viver? Quantos banhos de piscina com minha filha, quantos banhos de mar - apesar de não gostar muito - quantas roupas vou deixar de vestir, quantas coisas eu vou deixar de fazer só porque estou acima do peso ideal? DEFINITIVAMENTE, preciso me amar AGORA! Amanhã pode ser tarde demais.
    O não se amar traz solidão, solidão traz tristeza, tristeza traz muitos outros sentimentos ruins... E eu não estou mais disposta a sofrer todas essas coisas que já vivi por tanto tempo. 
    SE eu emagrecer, ótimo, se eu NÃO emagrecer, tá bom também. Afinal, estou gostando tanto de mim, gente! Achando-me bonita de verdade, gostando do espelho e não apenas fingindo gostar ou pensando que está passável a minha aparência. Cansei de acreditar em verdades alheias! Ou eu me amo o suficiente para confiar totalmente em mim mesma, ou acredito na imagem que os outros têm de mim. Afinal, filosofando, o que é belo? O que é verdade? Todas essas coisas são como chapéus, os quais as gente escolhe as formas que melhor  nos assente.
    Olha,  como eu era ruim comigo! Eu fui, por tanto tempo da minha vida, escrava das palavras alheias quando eu mesma tinha as melhores dentro de mim para dar. Nunca as guardei para mim, entretanto. E as palavras ditas por quem a gente ama têm muito mais valor. Eu já me perdoei por ter permitido que tantas coisas ruins tenham entrado em meu coração e afetado tanto minha existência a ponto de me paralisar em uma depressão longa e dolorosa.
    E aqui estou eu com meus cabelos encaracolados, com quilos a mais na balança, porém, muito mais leve e jovem no coração. Minha amiga Chanel também contou que "ninguém é jovem aos 40 anos, mas pode ser irresistível em qualquer idade."
   Ô, Chanel! Concordo em parte... Sabe o que é? O tempo de vida pode pesar no corpo, mas a gente pode ter, como disse o General Mac Arthur, a percepção de que "juventude não é um período de vida; ela é um estado de espírito, um efeito da vontade, uma intensidade emotiva..."
    E é bem isso! Nesse desfile de Chanel, rodeada de tantas pérolas, tweeds, camélias e sapatos bicolores, já me vesti e estou na passarela da vida, e agora me sinto a melhor e maior supermodel da minha própria vida. E, vestida linda e elegantemente, trago comigo a postura de quem vence, de quem perdoa, de quem sorri com o coração, de quem chora com verdade intensa das emoções que vive. 
    Que olha para frente, segue firme e caminha com a certeza de que aplausos virão do seu próprio coração, um coração que, finalmente, aprendeu a se amar. Finalmente!









   

Faxina!

Tenho a sensação de que, de uns tempos para cá, minha vida está sendo colocada em uma esfera pequenina... Eu fico pensando que, de tão pequ...