segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Dentro dos meus braços...

   Eu sempre gostei muito de abraços. Eu detesto esse protocolo de que em um lugar se deve cumprimentar com um beijinho, com dois, com três, ou só com um aperto de mão etc. 

    Eu gosto é de abraço! Apertado, para sentir o coração. E não acho desrespeitoso, a não ser que a pessoa pegue em locais que não deveria, né?

    Brincadeiras à parte, eu, que já gostava muito do calor humano, estou sentindo tanta falta das pessoas... E não estou dizendo que estou com saudade de aglomerar... Essa palavrinha que ficou tão em uso no momento. 

    Estou dizendo que eu tenho a sensação de que nos tornamos tóxicos uns aos outros. Já pensaram nisso? Quem me conhece muito bem sabe que eu não gosto de sair de casa, mas que gosto muito de receber pessoas na Casinha. Só que agora a gente fica cheio de medos, não é? 

    Estou sentindo falta de ver as pessoas por inteiro. De, além dos olhos, ver os lábios falarem, sorrirem. De ver os músculos da face trabalharem para fazer expressões. Sim, os olhos são as janelas da alma, mas eu queria tanto ser livre novamente para observar as pessoas por inteiro.

    Gosto do abraço sincero, apertado, aconchegado, do sorriso verdadeiro, das risadas boas de pertinho. De poder dizer o quanto gosto de alguém dessa forma. De sentir o coração, a respiração, o calor do corpo. Porque, sim, nosso cérebro registra tudo isso em poucos segundos. E aí eu sinto se meu amigo está bem, se está aborrecido com algo, se está feliz, se está alegre. A gente sente tudo em poucos segundos de um abraço.

   Como eu acho bom! A gente não tem podido sequer abraçar nossos pais, nossos irmãos... Quando precisamos sair e chegamos em casa, precisamos antes tirar os sapatos, lavar as mãos. Ou até, quando trazemos algo para casa, antes de tudo, levar isso para onde tem de levar e esterilizar e depois lavar as mãos e aí a gente consegue cumprimentar quem está em casa. Aquele abraço de rompante, quando chegamos em casa acabou. Que triste isso!

    Ai que saudade!

    Quando tudo isso acabar, eu quero fazer igual a música de Tom e Vinícius: "dentro dos meus braços os abraços hão de ser milhões de abraços apertado assim, calado assim..." Porque eu quero muito sentir novamente as pessoas. De ver como são por inteiro, sem máscaras, sem luvas, sem milhares de proteções. 

    Quero um aperto de mão sincero, quero um sorriso aberto, com direito a muitos dentes, olhinhos apertados, bochechas subindo, ruguinhas no nariz e ao redor dos olhos. Ah, gente! Como precisamos valorizar essas coisas, né?

    Até eu que sou um pouquinho reservada nesse sentido de estar entre muita gente - não gosto muito, pois me sinto desconfortável - o que eu quero é um abraço de quem eu nunca mais pude abraçar. Dos que eu considero em minha convivência, daqueles que realmente me fazem bem e a quem eu acredito que faço bem também.

    Abraços, abraços, abraços e muitos abraços. Não vejo a hora de essa pandemia passar e agente não ser mais tóxico, de a gente não mais ser perigoso, de a gente poder sorrir e falar de pertinho, respirar normalmente o mesmo ar que o outro respira.

    Seja lá a piadinha que você estiver pensando aí nessa sua cabecinha, eu lhe digo: Ah! Que beleza você ter essa cabecinha bem humorada, e eu queria muito poder rir junto, fazer piada junto, falar um monte de besteira junto. Sem máscara e com abraço, de preferência.

    Tá combinado então! Dia desses, nos abraçaremos e sorriremos com sinceridade. E, quem sabe, teremos momentos muito legais de rir de a bochecha e a barriga doer e até a nossa alma sarar dessa doença terrível da distância. 

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