Universo Verbal
Universo de palavras, de sentimentos, de imagens, de tudo de mim, de um pouco de mim. O que sinto, no momento que sinto ou no momento em que dá pra dizer o que sinto. Estrelas em um Universo que, quando existe pra mim, em palavras, existe pra todos.
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Faxina!
domingo, 14 de novembro de 2021
"Eu sou o mesmo livro, podes ler"...
Mudou– Taiguara
“Mudou! Mudou o tempo e o que eu sonhei pra nós
Mudou a Vida, o vento e a minha voz,
Mudou
a rua em que eu te conheci.
Mudou
a ilusão da paz do nosso amor,
Mudei
as rimas do meu verso cru
E
o sol mudou de cor meu corpo nu.
Mudou
o impulso aflito de dizer que não
A
lua é nova e a nova informação
Muda
meu céu e vai mudar meu chão.
A
terra ardeu e o céu desmoronou
E
há o que fazer o sonho não mostrou.
Vê
se me entende eu mesmo não mudei.
Eu
sou o mesmo livro, podes ler
Eu
sou o mesmo livre pra dizer:
Que
eu amo ainda, que eu quero ainda, te espero ainda...
Pro
amor!”
O mais interessante de tudo é eu perceber que livros estão contidos em uma capa. Não é o mesmo do início até o fim, mas é o mesmo quando se fecha. Uma unidade, massiva e amalgamada, desde que não se queira entender toda uma história somente por páginas isoladas e aleatórias.
Com o passar do tempo e minha
história sendo folheada entre meus dedos, eu entendi isso... Mudei tanto! Tudo
à minha volta mudou... O Escritor me deu a um mundo específico para que pessoas
específicas me lessem. Algumas leram até um ponto, não gostaram e me puseram de
lado. Outras seguem lendo, tentando ainda compreender as reviravoltas desse
conto. E há aquelas que seguem “degustando” a história e a querem ler até o
fim, seja ele qual for.
O fato é que ela muda, página a
página, capítulo a capítulo, de capa a capa até que se feche e mostrar que
sim... “eu sou o mesmo livro”, sou eu mesma! E sou livre pra dizer que ainda e
sempre espero o Amor.
E vou mudar a página. Sem voltar aos capítulos anteriores (?). Ou
tentarei. Meu livro não se fechou para que eu sinta orfandade das páginas que
já virei.
Sublinhei linhas, trechos e dobrei orelhas. De tão bom que foi.
Mas, preciso continuar, prosseguir. Ainda que os próximos capítulos me
façam chorar de tristeza, mais que os anteriores. Ainda que haja menos risos.
Ainda que as dores aconteçam, é preciso.
Tenho por certo que novos amores - ainda que com a mesma pessoa - acontecerão,
que novos risos se ouvirão, que novas lágrimas rolarão e novos sentimentos
serão descobertos.
Novas paisagens serão descritas, novos lugares visitados, novas pessoas
conhecidas e novas flores plantadas.
O sol é o mesmo, mas todos os dias nasce e se põe de modo diferente,
assim como eu nunca sou a mesma a cada minuto que se passa essas são novas
linhas da minha vida e a surpresa da próxima página está posta.
Na lição de meus grandes mestres, há vida por toda parte e todos eles se
resumem no Rosa: "o que a vida quer da gente é coragem"!
O novo capítulo já vai começar. E eu não sei com qual intensidade tudo
será escrito. Não há borrachas nesse livro da vida, não há como riscar palavras
que já foram escritas e não existe rascunho... é tudo no peito e na raça mesmo.
E na coragem que, mesmo que não a tenha terei de arrumar em algum lugar dentro
de mim.
Pois, a vida não aceita covardes. Se não tem peito para aguentar, pare
agora mesmo! Afinal, toda história foi escrita com tintas intensas e até mesmo
borradas.
Não tenho medo e nunca tive de viver. De enfrentar o que for preciso
para que a história seja a mais bela que eu conseguir. E muda... muda página a
página. Palavra por palavra, trecho por trecho, capítulo a capítulo e o Felizes
Para Sempre chega só mesmo quando a gente morre e... se for para o céu.
Mudou tudo! Por isso um novo capítulo, porque eu já estava cansada do
último... Precisava disso. Desse refresco da pausa do cabeçalho, de uma fonte
diferente para enunciar o título, de um espaço maior para respirar e refletir
sobre o que foi escrito antes.
E comecemos... Tudo tem um início – ainda que no meio – e um fim em si
mesmo. E o que não tem é eterno, mas a eternidade eu dou aos Imortais, aos
quais eu não pertenço, e aos que estão em estantes por aí. E eu não estou.
Ainda.
Embora eu saiba que essas linhas aqui borradas possam jamais sair daqui
mesmo, eu sinto que, ao colocar-me nelas sinto um gostinho da infinitude. Entretanto,
não quero ser infinita. Quero me escrever até o fim, mudando “a vida, o vento,
a minha voz”, a rua em que eu conheci meus grandes amores.
Quero que mude o mundo! Sempre para melhor. E se mudar para pior, buscar
mudar para aquilatar e agregar mais valor.
Sou esse livro. E você também é. Estou escrita no seu e você no meu,
embora não sejamos o mesmo livro. Podemos fazer parte de novas e outras
histórias e, mesmo assim, sermos nós mesmos.
E eu gosto, viu? Como gosto! Como amo essa escrita árdua, ingênua,
perigosa, interesseira, amorosa, desprendida, cautelosa, aventureira, suave,
intensa, enfim! Uma antítese em si mesma que é a arte de ser humana.
Um livro humano, de capa a capa. Quando chegar lá, faço questão que diga
se gostou ou não. Se recomenda a leitura ou não. Se gostaria de ler novamente
ou não.
Mas, que não diga que fui sem graça... Nesta reflexão, que se lembre que com todas as minhas contradições, fui um livro só. Com muitos capítulos, reviravoltas, mas que mudou a cada um deles para que, no fim, você só sinta saudades.
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
O Jugo do Julgamento
Jugo é o mesmo que cangalha. Essa peça aí que está sobre os ombros dos bois e que serve para que eles andem juntos a uma certa distância sem se esbarrarem e estando alinhados na mesma direção. Ela é usada em carros de boi e também em arados não motorizados.
Não pode ser utilizada por animais de espécies diferentes. Por exemplo, não pode ser utilizada por um jumento e um boi, ou um camelo e um cavalo.Como se pode notar, ela parece algo extremamente incômodo, mas é um pouco mais confortável se os animais forem da mesma espécie. Quem os guiará geralmente escolhe animais com a mesma altura, pesos semelhantes o que vai gerar uma força equilibrada em ambos os lados. Isso é algo fundamental, tanto para os amimais, quanto para o guia e para o próprio instrumento, seja o carro ou o arado, pois poupa o equipamento de receber uma carga mais excessiva de um lado que do outro, preservando as rodas, no caso do carro e arando a terra com uniformidade.
Bom, depois de toda essa explicação e falando de autoestima e relacionamentos interpessoais, resta claro que muitos julgamentos são jugos pesados e desconfortáveis. Isso, claro, quando eles são colocados com o peso todo de um lado só.
Vamos falar de quando alguém diz algo a respeito da nossa aparência, por exemplo.
Essa pessoa, na verdade, quando faz observações maldosas e até mesmo descuidadas sobre você, ela está se fazendo menor. E, por isso, você acaba carregando a carga sozinho, pois, se a criatura é mais baixa, obviamente que o jugo não pesará sobre ela, e sim sobre o que está acima.
E, se você aceita isso, leva mesmo. Não só o peso, mas os machucados que advirão disso.
Por isso, quando se trata de autoestima,(e não estou apenas falando de aparência, tá?), a gente, sim, aceita a cangalha e ainda anda com ela por toda a vida sem perceber!
Eu sei que até mesmo peso nos acostumamos a levar. E, algumas vezes, gostamos de nos sentir assim... e nos colocamos no papel de vítima sem perceber que o estamos fazendo.
Começamos a reclamar do nosso peso, das comorbidades que ele traz consigo, nos apegamos ao que os outros falam e, quando vemos, estamos repetindo os mesmos comportamentos... e até mesmo comportamentos que não gostaríamos que outros tivessem conosco.
A vida é uma cangalha. Agora, quem estará ao nosso lado para compartilhar esse caminhar, já é outra coisa. Quando ouvimos que não damos conta, quando nos deixamos levar pelo vitimismo, quando ouvimos que não somos como "eles" gostariam que fossemos, colocamos uma segunda cangalha sobre nossos ombros.
Isso é que não devemos permitir.
Deixei, por muito tempo, que o jugo dos outros pesasse sobre mim.
Palavras que doíam, pesavam em meu coração e que a mente repetia exaustivamente, me lembrando o tempo todo da ferida.
Uma sequência delas me doeu muito...
"Horrorosa, desbundada, ruim de cama, péssima dona de casa, uma porca imunda"... foi isso que ouvi. Essa sequência infame.
Hoje elas são lembranças que vêm à tona para ajudar outras mulheres a se libertar desse jugo.
VOCÊ NÃO É O QUE DIZEM SOBRE VOCÊ. VOCÊ É O QUE É, E DEVE APENAS REFLETIR A NATUREZA DE CRISTO. O QUE PASSAR DISSO VEM DA BOCA DO MALIGNO!
Ok, que você não seja cristão... mas, é nisso que eu creio e que vou levar comigo. Esse é o único fardo que eu aceito levar, que recebi e hoje trago a vocês: a leveza de ser existe!
Demorei para descobrir isso e já pedi perdão ao meu eu do passado por não entender como era linda e perfeita.
Hoje, fora dos padrões que eu mesma carregava, eu me amo mais que nunca. Hoje eu amo o que o espelho reflete.
E quando eu digo que amo, não quer dizer necessariamente que eu goste.
Heinnnnnn??? Como assim???
Sabe, quando amamos abraçamos o que não gostamos e somos mais gentis. Isso, inclusive, nos ajuda a melhorar, se preciso.
Eu preciso muito melhorar - quem não?
Desta forma, aqui, ao final deste longo texto, eu quero reafirmar meu compromisso de amor comigo mesma. De não deixar, na medida do possível, pois há dias em que escorregamos para o ralo da autocomiseração, que nada, nem ninguém afete a estima que tenho por mim mesma. Foi assim que comecei a ver os problemas alheios com um pouco mais de misericórdia e a entender que ninguém precisa ser como eu gostaria que fosse, mas que precisamos ser apenas como somos.
sábado, 6 de março de 2021
...e tá tudo bem!
...e tá tudo bem! Esse é o novo bordão que temos utilizado ultimamente. E, gosto dele. Muito!
E, começando com ele, dou início a uma pequena pausa aqui na minha jornada, para olhar um pouco para todo o caminho que já percorri. Muitas vezes, acho este espaço aqui meio egoísta, sabe? Falo tanto de mim. Tenho falado, na verdade. Porque já discorri muito sobre amores e amores. Amor que acabou, amor que começou, amor que nasceu, enfim...
E já escrevi sobre os papéis que entendi que desempenho nesta existência e na confusão mental em que me achava na escrivaninha e que precisava organizá-los e achar o que melhor se encaixaria neste palco da vida, no qual desempenhamos muitas personagens. Consegui, de certa forma, compreender que temos muitos papéis, não um só a representar... e tá tudo bem!
Tudo bem, desde que sejam representados com verdade, que se coloque para fora aquilo que realmente sinto se é. Mas, não tá tudo bem quando estamos tristes e abrimos um sorriso para agradar os outros e eu, pelos menos, tenho cada vez mais me sentido mal ao fazer isso.
Entendi que a jornada até os 30 anos foi muito difícil pois, até lá eu vivia quase que exclusivamente para agradar os outros. Depois dos 30, eu fui em busca dos meus sonhos tão intensamente que, quando consegui o que mais desejava, me perdi. Fiquei sem ter o que buscar para o futuro e precisei entender que tudo bem desejar e sonhar mais. Achava que isso era ingratidão.
E aí, eu compreendi que nada como a vida para ensinar. E estou, durante esses dias, durante esta pausa de revisão da minha jornada, pensando muito sobre o Amor. Claro que não sem um bocado de sofrimento...
Aprendi, por exemplo, que a gente ama cada pessoa de um jeito. E não significa que amemos mais uma do que a outra. Só é diferente.
Também aprendi que podemos ter mais ou menos afinidade com as pessoas e amarmos, mesmo aqueles com quem não temos afinidades. Na verdade, podemos sequer desejar conviver com uma pessoa e, ainda assim, amá-la. Às vezes, é justamente para preservar o amor que nos afastamos.
Aprendi que só temos um amor da nossa vida. Aquele a quem podemos dizer: "Você é 'O' Amor da Minha Vida"! Essa é a pessoa com quem temos tudo de melhor aflorado perto dela: nossa alegria é mais alegre, o sexo é maravilhoso e pode ir do quente ao afetuoso com a mesma intensidade e devoção. Nossos atos e palavras são mais sinceros e puros, nossa verdade é colocada totalmente nua e se conseguimos nos entender só de olhar, por meio de pequenos gestos e se sente livre para dizer o que pensa, sente, quer, gosta ou não, sabendo que um não ficará melindrado com o outro. Estar sem essa pessoa é impensável, não é uma opção.
Mas, também aprendi que nem sempre alguém ser o amor da nossa vida obriga que sejamos o amor da vida dessa mesma pessoa. Pois é... acontece... e tá tudo bem!
O importante é saber que deve haver liberdade e saber que, ainda que aconteça de aquela relação com o Amor da Vida acabar, ainda que não seja uma opção nossa, a liberdade é algo sagrado e cada um tem o direito de tentar, a seu modo, ser feliz com suas escolhas. Ainda que saibamos que aquela outra pessoa pode quebrar a cara, ser infeliz e que o tempo vai passar e não vai mais voltar atrás. Ainda assim, é a melhor escolha. Ou, mesmo que ainda que essa pessoa consiga ser feliz sem você e viva uma vida plena de alegrias e realizações das quais você nunca participará, ela é livre!
Aprendi que muitas vezes, mesmo que ambos sejam o amor da vida um do outro, nem sempre ficarão juntos e sempre carregarão um vazio dentro de si, por que são a parte que falta um do outro. Acostumamo-nos a viver sem isso, segue, toca o barco e anda pra frente. Afinal, a vida tem de acontecer.
Muitas vezes, a relação a dois é boa, ambos se amam, mas falta algo nesse caldeirão no qual, quando falta algum tempero, a coisa desanda e não dá mais para continuar.
Aprendi também, que o amor em si não é o bastante para alguns tipos de relação e convivência. E que há vários tipos de amor: existe o amor que sentimos pelos nossos pais, o amor que sentimos pelos nossos irmãos, pelos filhos, pelos amigos, pelos companheiros, namorados, cônjuges, pelos animais e natureza em geral, pelo trabalho, pelos amigos, lugares e tempos.
Só conheci e senti um amor que jamais mudou com o tempo dentro de mim e para mim: o do Eterno, em Cristo. Os demais, com o tempo, sempre mudam, sempre se transformam, aquietando-se, aumentando, esfriando... e não quer dizer que deixam de existir. Podem até morrer. O que não quer dizer que deixem de existir, mais ou menos como uma pessoa que parte desta vida e fica somente a lembrança. Se há a lembrança, ela ainda existe em nós.
Já tive de matar amores dentro de mim. E, alguns, até mesmo colocar no tal do "arquivo morto" do coração. E eu fico pensando no motivo pelo qual eu teria de lançar no mar do esquecimento qualquer desses amores que já passaram por minha vida. Pois, se somos frutos do que sentimos, pensamos, da forma como agimos perante isso, por que eu quereria lançar fora de mim? Afinal, tudo principia no pensamento, no coração para jorrar como ações, palavras e gestos e tudo isso é a vida!
Então, percebi aqui nessa pausa, que devo honrar os muitos amores que tive. O que é "O" Amor da Minha Vida. O que amo de modo constante, fiel e leal, doce e gentil, o que veio das minhas entranhas e é tão forte que sinto que perpassa o tempo e, se é possível, aumenta tanto que fica maior que eu a cada dia que passa, há os amores que me deram a vida, os que estiveram comigo a vida inteira. Há os que eu conheci ao longo do caminho e se perderam. Há os que foram perversos, há até o maldito... Há os que vieram, ficaram e ficarão para sempre. E há os que virão com o tempo.
Aprendi, aprendo e aprenderei sempre com o Amor... Porque ele é tudo. Até o tempo que passa, que nos faz entender a vida e que, por mais que doa a separação, o esquecimento ou qualquer coisa que o arranhe ou fira, eu fico com o conselho do Profeta de Gibran: cedo à espada oculta sob as asas do Amor, porque foi ele quem me salvou, salva e salvará da maneira que for.
Prefiro viver a vida amando do que uma vida sem amor: árida, triste, sem cor. Prefiro bater uma porta às minhas costas e quase morrer de dor, do que passar uma vida sem conhecer o que é amar sem medida, me aconchegar nos braços de quem amo, rir sem parar, chorar, me chatear e, mesmo assim, sonhar com um futuro lindo que não se concretizou.
Prefiro escolher amar, viver e sentir-me amada. E esse amor gerar um fruto maravilhoso, terno, gentil, inteligente, amável e doce. Digo que senti o peso da mão do amor dos meus pais e prefiro ter sentido isso do que ter sentido o peso de uma vida desgraçada e sem rumo. Já briguei e já fiz as pazes com os meus irmãos, e senti que o amor por eles nunca acaba.
Já amei sinceramente amigos que me desprezaram. Amo amigos que foram para longe, mas que estão aqui, pertinho do coração e se fazem mais presentes que muitos dos que estão por perto.
Já amei bichinhos que partiram e levaram um pedacinho de mim, mas encheram minha vida de alegria infinita! E sinto o amor em tudo e todos que estão ao meu redor. Seja por mim ou o amor que sentem em si. Eu sinto.
Sinto o amor do Criador em tudo, especialmente no Amor que transbordo. E vivo para o Amor e pelo Amor! Como eu amo!!! Amo de todo o meu coração e nunca amo pela metade.
Porque sou toda amor, da cabeça aos pés e tudo o que faço - seja o que for - tem ele ali... E aprendo todos os dias e aprenderei sempre com ele. Porque não há medida dele em mim que possa ser suficiente. Ah! E eu estou aprendendo todos os dias a me amar mais. Esse, sim, é o aprendizado mais difícil...
E vou seguindo, porque amar é mito bom. Mesmo quando é ruim.
...e tá tudo bem!😌😌😌😌
domingo, 21 de fevereiro de 2021
Entre Vênus e Vênus
Talvez alguns de vocês que me leem não sabem que sou Plus Size. Você sabe o que é isso? Bom, meu manequim está um pouco fora do padrão dito normal, então, eu estou em uma categoria acima do normal, entende? Eu visto entre 44 e 46, G ou GG, dependendo da confecção da roupa.
Mas, quem cunhou o termo Plus Size e como ele surgiu, afinal?
Bom, antes de qualquer coisa, precisamos andar um pouco atrás, na história da humanidade e entender como os padrões de beleza se desenvolveram. Afinal, beleza é algo muito subjetivo e cada cultura tem um parâmetro para dizer o que é belo ou não.
Sim, sim... Eu entendo que o cérebro humano detecta a simetria imediatamente e, encontrando algo que lhe pareça "estranho" imediatamente chama atenção de modo agradável ou desagradável. Porém, algumas coisas são muito mais subjetivas mesmo.
Por exemplo, temos as mulheres birmanesas e seus pescoços alongados por aros. Você já deve ter ouvido falar na expressão "Mulher Girafa", não? Eu, pessoalmente, acho estranho, mas elas são lindas aos olhos de sua cultura.
Mas, vamos passear pela história da beleza e entender algumas coisas que têm mais a ver com o ter do que ser e eu explicarei esse aparente paradoxo mais à frente...
Bom, uma das esculturas femininas mais antigas de que se tem notícia é a Vênus de Willendorf, essa fofa aí em baixo que está em diversas posições:
Vejam como ela é barrigudinha, tem seios fartos e caídos, pernas grossas... Esse era o ideal de beleza: aquela que pode sustentar a sua prole, aconchegar seus rebentos e alimentá-los na maior parte do tempo de sua vida fértil. Essa era "A" mulher!!! Essa estátua remonta ao período paleolítico e nos mostra como a sobrevivência de nossa espécie era tão importante que esse corpo era considerado perfeito a ponto de ser esculpido para ser deixado por gerações.
Esse padrão se revela em diversas esculturas até o período de ouro das civilizações mesopotâmicas, que, ainda que valorizem a intelectualidade e a religião, tinha como imagens para devoção de algumas vênus com características semelhantes à de Willendorf: curvilínea, seios fartos e compleição forte.
Já a civilização grega exaltou a beleza simétrica: uma silhueta mais fina e delicada, porém com algumas características de força bem marcadas, como músculos salientes em todo o corpo, pescoços um pouco mais largos e rostos mais esguios. A principal representante desse "padrão" grego é a bela Vênus de Milo, essa lindona sem seus bracinhos aí, ó:
O termo Plus Size, como conhecemos hoje, foi utilizado pela primeira vez em 1920, cunhado e disseminado pela norte-americana Lane Bryant. Ela abriu sua primeira loja em 1904, onde produzia e vendia roupas para gestantes. Seu item mais vendido era um vestido de maternidade com elástico na cintura e saia plissada. Por volta da década de 20, Bryant percebeu uma grande lacuna no mercado: os grandes fabricantes simplesmente ignoravam as mulheres mais robustas, que precisavam recorrer a ateliês particulares. Na época, ela chegou a medir mais de 4.500 de suas próprias clientes para conseguir desenvolver a modelagem perfeita para a sua nova linha. A premissa da designer era fornecer roupas de boa qualidade (e dentro das tendências) para mulheres fora das medidas padrões.
(Fonte: http://www.sindicatodaindustria.com.br/noticias/2017/08/72,115466/a-historia-da-moda-plus-size-e-a-evolucao-dos-padroes-de-beleza.html - Extraído em 20/02/2021).
Porém, ainda até os anos 60/70, as pessoas sentiam-se desconfortáveis ao ver mulheres grávidas andando com menos roupas... Que o diga Leila Diniz, que chocou a sociedade carioca ao aparecer na praia grávida e de biquíni! Interessante ressaltar que mostrar a barriga grávida nua era quase um sacrilégio. Não sei se a gravidez era considerada sagrada demais ou se isso era um choque de desconforto ao ver o corpo de uma mulher se modificar tanto para gerar um filho. O fato é que, novamente com a nova silhueta de Dior nos anos 50, que marcava a cintura de uma forma novamente opressora - não estou falando de opressão machista ou qualquer outra coisa, mas de um conceito corporal - de modo que a mulher voltasse a ter aquele shape mais de ampulheta, sabe?
Mas, os anos 60 chegaram e toda a sua rebeldia: roupas curtíssimas, modelagens mais soltinhas... Porém, cabelos mais estruturados: agora a rigidez era neles que passaram a ser quase esculturas... Anos 70 e toda a sua diversidade: cabelos livres, roupas de tudo quanto é jeito e uma atitude de liberdade pela liberdade. Anos 80 e o corpão curvilíneo a pele bronzeada e muita, muita, muita maquiagem e acessórios. A partir dos anos 70 já não cabia mais o visual muito embonecado. As mulheres saíram com tudo ao mercado de trabalho e estavam em busca de outros tipos de liberdade. Aqui, a questão da rigidez no penteado, no shape das roupas que mostravam que aquela mulher era uma dona de casa que fazia de tudo para ser perfeita não cabia mais.
O corpão dos anos 80 era conseguido com malhação aeróbica, que visava um corpo enxuto, mas nem tanto, e sem músculos bem marcados. O bronzeado, dizia que ela tinha tempo ao menos nos fins de semana para ir à praia ou clube. Isso, novamente, nos mostra que o ter ainda ditava um pouco dos padrões de beleza, afinal. Pois, ter um cabelo volumoso significava que a mulher tinha condições de fazer um permanente nos cabelos, podia pagar um bom cabeleireiro. As roupas extravagantes, as bijuterias da moda, a maquiagem... Tudo isso exigia um certo poder aquisitivo. Aliás, ainda exige.
Mas, os anos 90 começaram. E as semanas de moda, com o advento da Globalização, passaram a ter visibilidade mundial e todos começaram a ter acesso às imagens das coleções, assim como a moda se democratizou: as grandes redes copiavam os grandes designers e vendiam para as classes mais baixas enquanto os grandes nomes permaneciam com o créme de la créme do mundo. Foi quando os designers decidiram que o padrão a ser seguido era o da super modelo Kate Moss: magra, magríssima, quase anoréxica, com costela, ossos da bacia, clavículas e vértebras aparentes, cabelos lisíssimos caídos no rosto e rosto muito magro... Quase nenhum vestígio de seios. Surgiu o conceito de modelos cabides, ou seja, as roupas deveriam ser as protagonistas dos desfiles e não os corpos que as vestiam. Porém, entre os anos 90 e 2000, surgiu um perigoso padrão de beleza, ditado pelo, novamente, ter e não ser: as supermodelos estavam ganhando super salários, fazendo inúmeras campanhas de publicidade e ficando cada vez mais famosas e influentes no mundo da moda...
Para muitas jovens, os corpos tamanho 34, 36, 38 passaram a ser suas metas e houve um boom de diagnósticos de transtornos alimentares ao redor do mundo. Bulimia e anorexia, associados aos seus pares, ansiedade e depressão. Uma tristeza!
Já na década de 2010, vimos o termo Plus Size ser novamente cunhado com mais ênfase. Essa questão do ter e ser começou a ser mais discutida e a explosão da modelo brasileira Flúvia Lacerda, descoberta ainda em 2003 em Nova York e hoje é considerada uma supermodelo colocou em cheque os padrões da indústria da moda. Por que, afinal, somente manequins até o 42 podem andar na moda? Vestir roupas que mostram que são antenadas com as mais recentes tendências e uma pessoa com o manequim acima disso não pode?
Flúvia tem a minha altura e veste mais que eu. Entretanto, eu acho que ela é simplesmente infinitamente mais bonita. Ontem mesmo eu coloquei várias roupas à venda porque, algumas delas eu acho que não ficam boas suficiente em mim. Porque meu peito isso, minha bunda aquilo, minhas coxas assim, minha cintura assado.
E eu me peguei pensando a respeito de mim e de muitas pessoas com as quais eu convivo, incluindo a minha família e em como eu gostaria que essa tal diversidade fosse mesmo real. Aliás, a diversidade é, mas o respeito à diversidade não é. À parte a questão de saúde, que é indiscutível, a gente não deveria ficar pensando em como vai parecer aos outros.
Sou muito vaidosa e quem me conhece mesmo até tem, muito de vez em quanto, a chance de me ver sem maquiagem e, como eu costumo dizer, com roupas de dona de casa. É muito raro, muito mesmo. Isso porque eu sei que sou extremamente insegura com a minha aparência. Eu gosto de me vestir bem, gosto de me maquiar, gosto que meu cabelo esteja lindo, preciso andar sempre perfumada, unhas feitas, sapatos legais. Ou eu não me sinto suficiente.
E o fato de isso ter acontecido comigo tem um pouco a ver com os mais de 30 quilos que ganhei após a maternidade. Já fui a muitos médicos, nutricionistas, já pratiquei e deixei de praticar atividades físicas (essa parte eu odeio!), já fiz dietas por conta própria e orientadas ao longo desses 10 anos de mãe, porém não emagreci mais. O máximo foram 6kg.
Já encontrei pessoas com quem eu convivi intimamente e não me reconheceram, já encontrei pessoas que me disseram na lata que eu era mais bonita assim ou assado, já li coisas muito desagradáveis aqui mesmo nesta página do Universo... Gente que já disse que eu já era horrorosa e, quando parisse, ia foder tudo... E tudo isso já me deu uma rasteira na Passarela da vida.
Sou uma mulher frágil em mim mesma. E confesso que sou suscetível a algumas falas e olhares. Não ser reconhecida me fez extremamente mal. Ouvir que eu era mais bonita, me fez extremamente mal. Ouvir de médico que eu devo parar de usar desculpas para emagrecer me deixa mal... Saio do consultório me achando um lixo impotente, fraca, sem inciativa e resiliência.
Eu sei que se eu emagrecer minha mobilidade vai melhorar. Eu sei que se eu praticar exercícios físicos eu vou ficar mais saudável, eu sei que se eu começar a emagrecer eu vou ficar mais motivada... EU SEI!
Mas, alguém já me perguntou o que EU quero? Se você é Plus Size e está lendo isso aqui, eu vou perguntar para você: o que VOCÊ quer? O que eu e você queremos é realmente o que eu e você queremos ou o que os outros querem para nós? E eu não estou me referindo à saúde não. Estou me referindo à forma do seu corpo, o jeito como você gosta de se vestir, o que te faz rir mais do que ficar triste.
Estou falando do fato de você gostar de curtir uma boa comida, o fato de você não ficar só a peito de frango com batata doce e beber suco verde e tomar chá termogênico... Se for isso que te faz feliz, ótimo! Permaneça em seu caminho. Se não é isso, tome a única atitude que lhe cabe: administre o seu corpo para ser feliz.
No meu caso, eu já entendi que eu preciso emagrecer, nem que seja um pouco. E não é porque eu estou me sentindo feia, não. É porque minhas articulações estão sobrecarregadas e eu tenho problemas sérios com isso. Tenho uma frouxidão ligamentar muito acentuada e meus tornozelos, por exemplo, já estou dizendo que precisam de alívio para não "escorregarem" em si mesmos todas as vezes que vou andar. Da mesma forma meus joelhos e meu quadril. Eu literalmente PRECISO.
Mas, meu caminho será árduo, pois eu DE-TES-TO atividades físicas. É algo que me deixa aborrecida. Não gosto das dores que sinto durante e depois dos exercícios, ODEIO suar... não gosto. Só que eu sei que é necessário até para me ajudar em alguns índices sanguíneos.
Não quero é ser padrão para ninguém. Nem dar desculpas para quem quer que seja estar acima ou abaixo do peso eficar doente. Não quero dizer aqui que você ou eu temos de nos conformar em ser uma ser uma Vênus de Willendorf, ou de Milos... Quero que sejamos felizes. Não quero que seu padrão seja ditado pelo ter, mas pelo ser!
Se você não tem grana para pagar um personal trainer, um nutrólogo, um nutricionista e passar mais de 3 horas em uma academia treinando - esse é o padrão ter dos nossos tempos - faça o que pode para ser mais saudável sem deixar de fazer as coisas de que gosta, seja comer uma buchada de bode no fim de semana, uma pizza, ou a sua salada e seu frango com batata doce. Só não deixe de ser feliz e não deixe de aproveitar o lado bom da vida.
Eu vou prometer aqui e quero que você se prometa daí a não me levar pela minha ansiedade e parar de ouvir, ver e sentir somente aquilo que me denigre. Eu prometo que vou me olhar no espelho e dizer que me amo, de qualquer jeito. Seja com os cabelos pretos, longos e de franjinha lisos, ou encaracolados, volumosos e ruivos, com 1,72m e 60kg, ou com 90kg, que eu vou me amar!
"Eu te amo, Gabi! E te aceito do jeito que você é!
E, se quem está ao seu lado, seja homem, filha, pai, mãe, irmãos, sobrinhos, tios, primos, amigos, colegas de trabalho ou conhecidos não forem tão gentis, você será, Gabi!
Você tem o direito de chorar por isso de vez em quando, mas lembre-se de ser uma pessoa em um corpo e não de ter uma pessoa em um corpo. Saúde não tem a ver apenas com o seu peso ou com a sua aparência externa. Tem a ver com o que está oculto à maioria das pessoas. Tem a ver com o fato de que seu corpo processa bem os nutrientes que você lhe dá.
Presta atenção, Gabi: você é linda - tá legal, isso foi difícil de escrever! - e você é amada por quem você é, não por quem você parece. Não é sua cintura 67 ou 80 que faz você uma pessoa melhor ou pior que ninguém, mas são as suas atitudes e sua maneira de ver a vida e o que você faz com ela.
Eu tenho orgulho, Gabizinha, da sua trajetória. Da mulher que você se tornou. Eu vou te amar, do jeito que você é"!
Essa é minha promessa a mim mesma! E eu quero que seja você quem for e que está lendo isto aqui, que vá em frente. Mostre o que é. Não o que tem!
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021
Destra
A mesma pena que empunho com tanta destreza, o mesmo pincel que o papel e a tela afaga, essa voz calada, surda e quieta, são as mesmas armas que cravam de dor essa minha mão direita.
Essa
destra que a letra derrama ao invés de lágrimas, essa mão que ri no lugar dos lábios,
essa mão que xinga ao invés da língua, esses dedos que beijam no lugar da minha
boca... que faz amor, que dança, que se admira e que o amor declara para os
olhos de quem quer e pode ler.
Há
um punhal em minha mão quando a tristeza me inunda.
Essa
dor fina, curta e latente que meu corpo todo sente na minha mão.
Um
mistério doloroso, infame e vil, decadente, destrutivo, corrosivo e cru.
Essa
minha mão que com amor o alimento prepara, que acarinha e que bate, que
demonstra sensualidade, carrega o anel e minhas muitas verdades.
Hoje,
essa mão, gostaria de percorrer um corpo nu, cravar as unhas nas costas de
tanto prazer.
Queria
também dar prazer acarinhando cada centímetro de hormônios, de cheiros... calar
a boca que geme nesse paraíso sexual que a natureza clama.
Mas,
essa mão sente os defeitos do corpo que a carrega. Os defeitos cerebrais por
quem ela, dolorosamente chora.
Essa mão sente
os efeitos dos padrões, os efeitos de um tempo que passou.
Aqui,
e nesse instante, ela junta letra a letra, para dizer que ela dói e que ela
sente um tempo que se foi e que lamenta um futuro que não sabe se será.
Essa
mão... que se junta à esquerda para esperar, que se contorce quando a angústia
vem, que as lágrimas seca e que toca os lábios para, pensativa, aquietar.
Essa
mão, à destra do que sinto, penso e vivo, essa mão destra que embala os sonhos
que ainda vivo.
Sobre gatos, casamento e amor.
Faxina!
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