Tenho tido uma enorme dificuldade para escrever. Em primeiro lugar por causa das dores na mão esquerda... Um problema para mim, já que passo a maior parte do dia digitando no trabalho.
Confesso, entretanto, que as dores surgiram em um momento delicado para mim. Estou tal qual uma menininha assustada, com um medo enorme e com muita vontade de me encolher num canto da sala e chorar.
Tudo isto porque não sei o que fazer. Repentinamente eu, que sempre soube exatamente o que queria, encontro-me sem saber como agir.
Quer dizer, eu sei bem o que quero. E sou uma pessoa feliz. Muito feliz. E, até essa minha confusão tem me deixado alegre pelo simples fato de me fazer sentir muito viva. Sou, enfim, uma pessoa normal. Nada demais, considerando tudo o que eu passei nos últimos tempos.
Não quero e não me faço de vítima. Mesmo porque até fui algoz em determinados momentos.
Acredito que tudo o que tenho sentido seja fruto da vontade que me invadiu desde maio: O desejo enorme de viver o que sinto. Sentir o que sinto e não me esconder atrás de um sorriso quando meu coração está quebrado. De não ser tão agradável quando me magoam. De não correr quando não há mais tempo...
Estou lendo demoradamente o livro "Comer, Rezar, Amar" de Elizabeth Gilbert, e tenho me descoberto em sua vida.
Descobri, por exemplo, que meus pensamentos são do tipo macaco: Pulam de galho em galho, parando apenas para guinchar, comer e se coçar. Eu hein...
Não quero ser assim tão louca. E estou um pouco determinada a pensar no que penso. Para descobrir, enfim, respostas que estão dentro de mim. Para confiar, de fato, e não apenas em palavras, que o Pai tem minha vida em Seu controle.
Ele sabe que o amo. Sei que sabe. E sabe o quanto eu gostaria desesperadamente de confiar cegamente. Eu fecho os olhos, porém abro-os vez ou outra.
E eu os abri... Faz pouquinho tempo que entreabri os olhos e vi um abismo aos meus pés. E Ele me mandou fechar os olhos novamente. Ou, apenas olhar para a Sua face. Obedeci por puro medo. Pavor. Estou em Seu colo. Mas ainda me lembro do abismo sob mim.
Normalmente, eu me jogaria no abismo para ver no que dava. Poderia cair. Mas, também poderia voar. Já fiz isso algumas vezes. E já me machuquei tantas que Ele resolveu ir comigo dessa vez.
Difícil confiar naquilo que não é você mesmo. Impossível. Porque quando você se joga sozinho, sabe que pode se esborrachar. E imagina a dor. Mas, nos braços de alguém e de olhos fechados, aí a coisa muda de figura.
O que tem me consolado é o fato de olhar em seus olhos e saber que eles tem A Verdade. E que sabe de mim.
Ele, além de me carregar, manda-me anjos magníficos. E um deles me tem dado seu abraço, seu ouvido, seu colo, seu amor, enfim, tudo o mais que se pode desejar na vida. Tem me dado amigos fiéis, que estão comigo mesmo em seu silêncio. E também com suas palavras.
Estou tranquila, agora. Com medo ainda. Mas, menos do que antes.
Mais mudanças à vista... E mais angústia por isso também.
Confesso - não apenas declaro - que estou um bocado cansada disso. Não tenho tido vontade de me adaptar. Não tenho vontade de analisar as razões. De fazer planos.
Aliás, isso é algo que não quero mais fazer. Vou viver um dia após o outro e, de preferência, com uma noite muito bem dormida no meio. O que tem sido até bem frequente, ainda bem.
Vou viver ao máximo o meu dia, desde a hora em que acordo e ouço os miados da Nina que advinhou que abri os olhos, pelo gostoso ritual de ir alimentar as gatinhas e dar - e receber - um abraço de bom dia delas, passando pelo gostoso aroma do café lá na cozinha, e do gosto maravilhoso do pão com mel e requeijão, andando no trajeto de casa ao metrô por baixo de lindos flamboyands, passando por centenas de rostos na rodoviária, desfrutando da lindíssima arquitetura da Capital, respirando o ar fresco da amplitude que encontro ao chegar no trabalho. E aqui, usufruindo do calor dos meus colegas e amigos, do cotidiano tão gostoso que me lembra todos os dias de ser grata a Deus pelo emprego tão bom que tenho.
E, no fim do dia, receber meu abraço delicioso, e o beijo tão alegre e saudoso. E voltar para casa encontrar Minha Tia - Minha -, a Nina gostosa, o Raj feliz e a Felícia gata como sempre...
E vou dormir, sem pensar no que vou vestir no dia seguinte...
Será assim, por enquanto. Ou pelo menos no período em que não puder deixar de segurar tão apertadamente nos braços do Pai, tremendo de medo.
Sei que estou segura. Mas, estou com medo do novo. Mesmo. Assim...
E, no meu coração estou menininha, encolhida num cantinho ali.