domingo, 14 de novembro de 2021

"Eu sou o mesmo livro, podes ler"...

Mudou– Taiguara

“Mudou! Mudou o tempo e o que eu sonhei pra nós

Mudou a Vida, o vento e a minha voz,

Mudou a rua em que eu te conheci.

Mudou a ilusão da paz do nosso amor,

Mudei as rimas do meu verso cru

E o sol mudou de cor meu corpo nu.

Mudou o impulso aflito de dizer que não

A lua é nova e a nova informação

Muda meu céu e vai mudar meu chão.

A terra ardeu e o céu desmoronou

E há o que fazer o sonho não mostrou.

Vê se me entende eu mesmo não mudei.

Eu sou o mesmo livro, podes ler

Eu sou o mesmo livre pra dizer:

Que eu amo ainda, que eu quero ainda, te espero ainda...

Pro amor!”

O mais interessante de tudo é eu perceber que livros estão contidos em uma capa. Não é o mesmo do início até o fim, mas é o mesmo quando se fecha. Uma unidade, massiva e amalgamada, desde que não se queira entender toda uma história somente por páginas isoladas e aleatórias.

Com o passar do tempo e minha história sendo folheada entre meus dedos, eu entendi isso... Mudei tanto! Tudo à minha volta mudou... O Escritor me deu a um mundo específico para que pessoas específicas me lessem. Algumas leram até um ponto, não gostaram e me puseram de lado. Outras seguem lendo, tentando ainda compreender as reviravoltas desse conto. E há aquelas que seguem “degustando” a história e a querem ler até o fim, seja ele qual for.

O fato é que ela muda, página a página, capítulo a capítulo, de capa a capa até que se feche e mostrar que sim... “eu sou o mesmo livro”, sou eu mesma! E sou livre pra dizer que ainda e sempre espero o Amor.

E vou mudar a página. Sem voltar aos capítulos anteriores (?). Ou tentarei. Meu livro não se fechou para que eu sinta orfandade das páginas que já virei.

Sublinhei linhas, trechos e dobrei orelhas. De tão bom que foi.

Mas, preciso continuar, prosseguir. Ainda que os próximos capítulos me façam chorar de tristeza, mais que os anteriores. Ainda que haja menos risos. Ainda que as dores aconteçam, é preciso.

Tenho por certo que novos amores - ainda que com a mesma pessoa - acontecerão, que novos risos se ouvirão, que novas lágrimas rolarão e novos sentimentos serão descobertos.

Novas paisagens serão descritas, novos lugares visitados, novas pessoas conhecidas e novas flores plantadas.

O sol é o mesmo, mas todos os dias nasce e se põe de modo diferente, assim como eu nunca sou a mesma a cada minuto que se passa essas são novas linhas da minha vida e a surpresa da próxima página está posta.

Na lição de meus grandes mestres, há vida por toda parte e todos eles se resumem no Rosa: "o que a vida quer da gente é coragem"!

O novo capítulo já vai começar. E eu não sei com qual intensidade tudo será escrito. Não há borrachas nesse livro da vida, não há como riscar palavras que já foram escritas e não existe rascunho... é tudo no peito e na raça mesmo. E na coragem que, mesmo que não a tenha terei de arrumar em algum lugar dentro de mim.

Pois, a vida não aceita covardes. Se não tem peito para aguentar, pare agora mesmo! Afinal, toda história foi escrita com tintas intensas e até mesmo borradas.

Não tenho medo e nunca tive de viver. De enfrentar o que for preciso para que a história seja a mais bela que eu conseguir. E muda... muda página a página. Palavra por palavra, trecho por trecho, capítulo a capítulo e o Felizes Para Sempre chega só mesmo quando a gente morre e... se for para o céu.

Mudou tudo! Por isso um novo capítulo, porque eu já estava cansada do último... Precisava disso. Desse refresco da pausa do cabeçalho, de uma fonte diferente para enunciar o título, de um espaço maior para respirar e refletir sobre o que foi escrito antes.

E comecemos... Tudo tem um início – ainda que no meio – e um fim em si mesmo. E o que não tem é eterno, mas a eternidade eu dou aos Imortais, aos quais eu não pertenço, e aos que estão em estantes por aí. E eu não estou. Ainda.

Embora eu saiba que essas linhas aqui borradas possam jamais sair daqui mesmo, eu sinto que, ao colocar-me nelas sinto um gostinho da infinitude. Entretanto, não quero ser infinita. Quero me escrever até o fim, mudando “a vida, o vento, a minha voz”, a rua em que eu conheci meus grandes amores.

Quero que mude o mundo! Sempre para melhor. E se mudar para pior, buscar mudar para aquilatar e agregar mais valor.

Sou esse livro. E você também é. Estou escrita no seu e você no meu, embora não sejamos o mesmo livro. Podemos fazer parte de novas e outras histórias e, mesmo assim, sermos nós mesmos.

E eu gosto, viu? Como gosto! Como amo essa escrita árdua, ingênua, perigosa, interesseira, amorosa, desprendida, cautelosa, aventureira, suave, intensa, enfim! Uma antítese em si mesma que é a arte de ser humana.

Um livro humano, de capa a capa. Quando chegar lá, faço questão que diga se gostou ou não. Se recomenda a leitura ou não. Se gostaria de ler novamente ou não.

Mas, que não diga que fui sem graça... Nesta reflexão, que se lembre que com todas as minhas contradições, fui um livro só. Com muitos capítulos, reviravoltas, mas que mudou a cada um deles para que, no fim, você só sinta saudades. 

Faxina!

Tenho a sensação de que, de uns tempos para cá, minha vida está sendo colocada em uma esfera pequenina... Eu fico pensando que, de tão pequ...