Mudou– Taiguara
“Mudou! Mudou o tempo e o que eu sonhei pra nós
Mudou a Vida, o vento e a minha voz,
Mudou
a rua em que eu te conheci.
Mudou
a ilusão da paz do nosso amor,
Mudei
as rimas do meu verso cru
E
o sol mudou de cor meu corpo nu.
Mudou
o impulso aflito de dizer que não
A
lua é nova e a nova informação
Muda
meu céu e vai mudar meu chão.
A
terra ardeu e o céu desmoronou
E
há o que fazer o sonho não mostrou.
Vê
se me entende eu mesmo não mudei.
Eu
sou o mesmo livro, podes ler
Eu
sou o mesmo livre pra dizer:
Que
eu amo ainda, que eu quero ainda, te espero ainda...
Pro
amor!”
O mais interessante de tudo é eu perceber que livros estão contidos em uma capa. Não é o mesmo do início até o fim, mas é o mesmo quando se fecha. Uma unidade, massiva e amalgamada, desde que não se queira entender toda uma história somente por páginas isoladas e aleatórias.
Com o passar do tempo e minha
história sendo folheada entre meus dedos, eu entendi isso... Mudei tanto! Tudo
à minha volta mudou... O Escritor me deu a um mundo específico para que pessoas
específicas me lessem. Algumas leram até um ponto, não gostaram e me puseram de
lado. Outras seguem lendo, tentando ainda compreender as reviravoltas desse
conto. E há aquelas que seguem “degustando” a história e a querem ler até o
fim, seja ele qual for.
O fato é que ela muda, página a
página, capítulo a capítulo, de capa a capa até que se feche e mostrar que
sim... “eu sou o mesmo livro”, sou eu mesma! E sou livre pra dizer que ainda e
sempre espero o Amor.
E vou mudar a página. Sem voltar aos capítulos anteriores (?). Ou
tentarei. Meu livro não se fechou para que eu sinta orfandade das páginas que
já virei.
Sublinhei linhas, trechos e dobrei orelhas. De tão bom que foi.
Mas, preciso continuar, prosseguir. Ainda que os próximos capítulos me
façam chorar de tristeza, mais que os anteriores. Ainda que haja menos risos.
Ainda que as dores aconteçam, é preciso.
Tenho por certo que novos amores - ainda que com a mesma pessoa - acontecerão,
que novos risos se ouvirão, que novas lágrimas rolarão e novos sentimentos
serão descobertos.
Novas paisagens serão descritas, novos lugares visitados, novas pessoas
conhecidas e novas flores plantadas.
O sol é o mesmo, mas todos os dias nasce e se põe de modo diferente,
assim como eu nunca sou a mesma a cada minuto que se passa essas são novas
linhas da minha vida e a surpresa da próxima página está posta.
Na lição de meus grandes mestres, há vida por toda parte e todos eles se
resumem no Rosa: "o que a vida quer da gente é coragem"!
O novo capítulo já vai começar. E eu não sei com qual intensidade tudo
será escrito. Não há borrachas nesse livro da vida, não há como riscar palavras
que já foram escritas e não existe rascunho... é tudo no peito e na raça mesmo.
E na coragem que, mesmo que não a tenha terei de arrumar em algum lugar dentro
de mim.
Pois, a vida não aceita covardes. Se não tem peito para aguentar, pare
agora mesmo! Afinal, toda história foi escrita com tintas intensas e até mesmo
borradas.
Não tenho medo e nunca tive de viver. De enfrentar o que for preciso
para que a história seja a mais bela que eu conseguir. E muda... muda página a
página. Palavra por palavra, trecho por trecho, capítulo a capítulo e o Felizes
Para Sempre chega só mesmo quando a gente morre e... se for para o céu.
Mudou tudo! Por isso um novo capítulo, porque eu já estava cansada do
último... Precisava disso. Desse refresco da pausa do cabeçalho, de uma fonte
diferente para enunciar o título, de um espaço maior para respirar e refletir
sobre o que foi escrito antes.
E comecemos... Tudo tem um início – ainda que no meio – e um fim em si
mesmo. E o que não tem é eterno, mas a eternidade eu dou aos Imortais, aos
quais eu não pertenço, e aos que estão em estantes por aí. E eu não estou.
Ainda.
Embora eu saiba que essas linhas aqui borradas possam jamais sair daqui
mesmo, eu sinto que, ao colocar-me nelas sinto um gostinho da infinitude. Entretanto,
não quero ser infinita. Quero me escrever até o fim, mudando “a vida, o vento,
a minha voz”, a rua em que eu conheci meus grandes amores.
Quero que mude o mundo! Sempre para melhor. E se mudar para pior, buscar
mudar para aquilatar e agregar mais valor.
Sou esse livro. E você também é. Estou escrita no seu e você no meu,
embora não sejamos o mesmo livro. Podemos fazer parte de novas e outras
histórias e, mesmo assim, sermos nós mesmos.
E eu gosto, viu? Como gosto! Como amo essa escrita árdua, ingênua,
perigosa, interesseira, amorosa, desprendida, cautelosa, aventureira, suave,
intensa, enfim! Uma antítese em si mesma que é a arte de ser humana.
Um livro humano, de capa a capa. Quando chegar lá, faço questão que diga
se gostou ou não. Se recomenda a leitura ou não. Se gostaria de ler novamente
ou não.
Mas, que não diga que fui sem graça... Nesta reflexão, que se lembre que com todas as minhas contradições, fui um livro só. Com muitos capítulos, reviravoltas, mas que mudou a cada um deles para que, no fim, você só sinta saudades.