Faz bastante tempo, eu olhei aqui, que não escrevo... Muitas mudanças na vida. Trabalho, filha, casa, pouco ou quase nenhum tempo para mim. Para escrever então, pffffff...
Bom, quem acompanhou minha trajetória por aqui deve ter reparado que esse blog foi inicialmente criado como uma forma de desabafo. Não podia dizer um monte de coisas, então escrevia. E passou a ser também um registro de inúmeros sentimentos que foram mudando ao longo do tempo e dos meus espaços.
Hoje, eu volto aqui como a mãe que me tornei.
Há algumas semanas uma triste notícia tomou conta dos meus pensamentos, do meu coração e eu esperei um pouco me distanciar dos sentimentos para tentar escrever algo a respeito.
Porém quero voltar há alguns anos atrás e relembrar uma outra triste história de dor de mãe. Quem não se lembra do caso João Hélio? Nem pensava naquela época - 2007 - em ser mãe. Na verdade, até repudiava um pouco a possibilidade de o ser, mas eu fui inteiramente tomada de um sentimento tal que quase não podia suportar a dor da mãe do menino. O fato é que a morte dele doeu - e dói - meu coração e até hoje eu acho que foi o crime mais horrendo do qual eu tive notícia na minha vida.
Mas, não parou por aí... Muitas outras mães já passaram por muitas outras dores por aí e o tempo passou e eu também me tornei mãe.
Como disse anteriormente, outro crime me chocou, talvez pela proximidade de realidades. Um bebê de um aninho foi baleado durante um assalto ao carro de sua mãe. O curioso é que a criança estava no cadeirão no banco de trás e um dos assaltantes o baleou. Simples assim. O menino morreu. E uma mãe ficou sem um filho. Mais uma mãe.
E domingo... Não tenho como não falar disso... Houve a tragédia de Santa Maria... Quantas mães sem seus filhos.
Tenho de concordar com um texto que uma amiga me enviou no Facebook e que me emocionou profundamente. Só de me lembrar dele eu tenho vontade de chorar... Há uma parte com a qual concordo plenamente: Quando uma mulher se torna mãe, uma ferida de abre em seu coração e jamais cicatriza...
Acho que só quem é mãe sabe o que é isso. Não adianta tentar entender se você não tem um filho. Não adianta.
Fiquei pensando sozinha nesses dias, juntando angústias e jogando-as aos pés de Cristo, foi o que me restou. Porque não há como fugir dos nossos medos. Minha filha é minha companheirinha e sempre que possível está comigo onde quer que eu vá. Anda, claro, num cadeirão. Tenho de colocá-la e tirá-la de lá e ficamos as duas vulneráveis. Quem nos guarda? Só Deus. Ainda bem.
Mesmo assim eu confesso a Ele todos os dias que tenho medo. E onde mais eu posso guardá-lo? Esse é o tipo de coisa que a gente não fica falando e até evita pensar. Também por medo.
Não posso evitá-lo! Só tento controlá-lo. É a tal ferida doendo o tempo todo.
Todas as mães pensam nessas coisas e não ficam falando nelas pela mesma razão.
Não temos medo apenas das tragédias enormes. Temos medo das pequeninas também. Fico apavorada com o fato, por exemplo, de Sofia ficar pulando e pulando e pulando no sofá da sala e, em algum momento aquela corda invisível que a segura se partir e, num átimo de segundo ela cair de lá e se ferir gravemente sem poder me dizer: "Machucou, mãe", e vir correndo para eu lhe dar um beijinho que sara. Por outro lado eu não quero ser uma mãe histérica que proíbe a filha de brincar como uma criança só por medo de que algo aconteça.
Na última segunda-feira, nós a deixamos no seu primeiro dia de aula. E eu andava dizendo por aí que só choraria se ela chorasse também. Mas, nossa menina nem olhou para trás. Simplesmente ficou brincando e olhando as outras crianças chorarem. Nós - eu e Paulo - é que choramos. Uma sensação estranha tomou conta de nós que nunca havíamos deixado nossa filha num lugar estranho e onde não estaria com ninguém em quem confiamos cegamente, como nossos pais ou irmãos. Eu ficava pensando na possibilidade de ela chorar e eu não estar por perto para abraçá-la! Como isso me doeu!!!
Hoje, entretanto, eu vi a fragilidade da minha linda. Ela não chorou e não chora na escola, mas sim, se importou que nós a tenhamos deixado lá. E, num choro que não passava de jeito algum, ela apenas dizia: "Ah, mamãe!" E meu coração doeu. E eu me lembrei que nossos filhinhos não são apenas vulneráveis fisicamente. E eu me lembrei também das tantas vezes que eu joguei em Cristo o medo de ferir o coração da minha filha.
Agora meu tesouro dorme.. Eu eu me lembro que ela é um ser fora de mim... Outra pessoa que precisa viver. Essa tem sido a primeira semana de aula. Por quantos dias eu a levarei sozinha para a escola ou outra atividade? Quantas vezes eu ficarei sem notícias por horas a fio? Ela vai crescer e, um dia seguirá seu caminho, e, provavelmente ficará dias sem sequer me ligar, pois terá sua vida para resolver.
Eu a amo tão profundamente que gostaria de estender meu amor a todas as mães do mundo. Sim às minhas companheiras de dores e angústias e também de alegrias infinitas.
Sou tão grata a Deus por tudo. Agradeço por tão grande presente para mim. Não podia ter passado a vida sem experimentar tantos sentimentos que parecem tão confusos. Tudo é muito bom e a vida e o amor fazem muito mais sentido para mim.
E peço a Ele também que conforte o coração das mães que hoje não tem mais seus filhos. Nem posso imaginar a dor de sentir seus "braços" vazios. Esse buraco que deve haver agora em suas almas. É que, quando um filho nasce, também surge em uma mãe um algo que preenche o que não era vazio. Entendeu? Se entendeu, então você é mãe.
E, se você é mãe, também sabe que, quando um filho nasce, nossa vida se torna algo diferente de tudo o que conhecíamos anteriormente. E sabe que muitas vezes nossos bebês chorarão sem que estejamos por perto... Mas, sabe também que um sorriso de nossos filhos é capaz de fazer qualquer dor, preocupação e medo passarem. Nada na vida pode ser melhor do que ser mãe.